Porto Alegre, domingo, 22 de setembro de 2024
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Lula parece continuar no palanque de Vila Euclides, como iniciante da vida política; leia análise, por Rolf Kuntz/O Estado de São Paulo

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Lula parece continuar no palanque de Vila Euclides, como iniciante da vida política; leia análise, por Rolf Kuntz/O Estado de São Paulo Foto: Pedro Kirilos / Estadão Publicidade Por Rolf Kuntz 12/02/2023 | 05h00 Se o presidente da República, de fato, se preocupa com o bem-estar dos menos abonados, deve abandonar com urgência o conflito com o Banco Central. Se a memória de Lula ainda funcionar, algo positivo poderá ocorrer entre 2023 e 2026 Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

 

 

Para quem gosta de inflação, o Brasil vai bem e as perspectivas são promissoras, com projeções de alta de preços de 5,78%, neste ano, e de 3,93% em 2024. Quem caprichar na remarcação estará afinado com o presidente da República: segundo ele, a meta oficial deveria ser mais alta, a política anti-inflacionária é “uma vergonha”, por causa dos juros altos, e a autonomia do Banco Central é “uma bobagem”. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala da responsabilidade social, a “mais importante”, como se fosse incompatível com a responsabilidade fiscal. Pode haver razões muito boas, em algumas circunstâncias, para romper o equilíbrio das contas públicas, mas o presidente se dispensou de qualquer consideração desse tipo.

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, negou qualquer manobra contra a independência do BC. Mas parlamentares do PT logo anunciaram a intenção de pressionar pela mudança da política monetária. Alarmes logo soaram para quem se lembra dos desastres anteriores à pandemia. Crise fiscal, inflação e recessão foram os legados econômicos mais ostensivos da presidente petista Dilma Rousseff. Sujeito à sua orientação, o BC baixou os juros a partir de 2011, primeiro ano do mandato presidencial, e deixou a inflação subir até o primeiro semestre de 2013.

Tentou-se corrigir a política, mas o desarranjo se agravou, veio o impeachment e o presidente-tampão, Michel Temer, iniciou a reconstrução. Mudou o presidente do BC e o ministro da Fazenda e conseguiu, com apoio no Congresso, criar um teto constitucional de gastos. Esse teto foi violado por seu sucessor, Jair Bolsonaro, mesmo depois da pior fase da covid-19. A alta de preços voltou a acentuar-se em 2019, atingiu 10,06% em 2021 e recuou para 5,79% em 2022, superando de novo o limite de tolerância.

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