Porto Alegre, domingo, 22 de setembro de 2024
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O mundo real é maior do que a Selic, por Jorge J. Okubaro/O Estado de São Paulo

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Copom manteve taxa de juros em 10,5% ao ano

 

 

A inflação de 0,53% em janeiro, que levou a alta acumulada de preços em 12 meses para 5,77%, foi puxada por alimentos e combustíveis. É uma variação muito alta. Problemas que nos assombraram há pouco podem estar voltando. Mas ninguém no governo parece estar preocupado com isso. Também não há preocupação com os sinais de desaceleração da economia, o que antecipa problemas de emprego e renda. Indicações mais sombrias sobre a economia mundial começam a esmaecer, mas é pouco para desenhar um cenário colorido. Intencionalmente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está longe de ser um aprendiz em política, parece disposto a tornar ainda mais turvo um quadro preocupante com sua insistência, e sua veemência típica de palanque, em criticar o Banco Central (BC).

São críticas que agradam à base do PT, que nunca aceitou bem a ideia de autonomia do BC. Foi à sua base que Lula pareceu estar se dirigindo quando se referiu ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, como “esse sujeito”, ou quando citou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para afirmar que “é uma vergonha esse aumento de juros” (embora o Copom tivesse mantido inalterada a taxa básica Selic em 13,75% ao ano, que de fato é alta). A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi além ao dizer que Campos Neto está do lado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Campos, de fato, deve ter votado no ex-presidente em outubro do ano passado e participou de grupos de conversa de ministros do governo anterior, o que, segundo Gleisi, mostrou que, ao tempo de Bolsonaro, não tinha autonomia nem independência política.

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