Porto Alegre, segunda, 30 de setembro de 2024
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Governo Bolsonaro ignora hábitos de yanomamis e gasta R$ 4,4 milhões com sardinha e linguiça, por Daniel Weterman/O Estado de São Paulo

Detalhes Notícia
Funai usou contrato milionário para entregar sardinha enlatada e linguiça calabresa. Lideranças dizem que esse produto não faz parte da dieta local e o dinheiro foi desperdiçado, enquanto prioridades foram deixadas de lado. Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, diz que cestas básicas entregues pelo governo não atendem os povos da região e prioridades foram ignoradas Foto: WILTON JUNIOR

 

 

O governo Jair Bolsonaro pagou R$ 4,4 milhões para enviar ao Território Yanomami alimentos que não são consumidos pelos indígenas, durante uma crise humanitária. Desprezando recomendação técnica, a Funai assinou o contrato milionário para comprar cestas básicas contendo sardinha e linguiça calabresa. O peixe enlatado e o embutido não fazem parte da dieta local. Também não há registros de que os produtos foram entregues integralmente.

A área técnica já havia alertado o governo e o Ministério Público a respeito dos hábitos alimentares dos indígenas. “Os yanomamis não comem sardinha nem calabresa”, informou a coordenadora da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami, Elayne Rodrigues Maciel, responsável pelo órgão da Funai com atribuição exclusiva sobre a Terra Indígena Yanomami, em depoimento ao MP.

Na ação que ouviu a servidora, de 2021, o MP pediu a condenação da União para considerar estudos antropológicos e nutricionais na composição das cestas. A Justiça acatou o pedido. O Estadão apurou que, mesmo depois da condenação, o governo Bolsonaro não só voltou a adquirir os alimentos como assinou a maior compra já realizada para a terra indígena de linguiça e sardinha em lata.

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