Porto Alegre, quarta, 02 de outubro de 2024
img

Um ‘Pibão’ desconfortável, por Carlos Alberto Sardenberg/O Globo

Detalhes Notícia
O agro está no rol dos adversários da esquerda dominante no governo Lula. Incluindo o presidente. Um baita equívoco. Colheita de soja no oeste da Bahia Fábio Rossi/Agência O Globo

 

 

Em qualquer país, o governo, seja de direita ou de esquerda, comemora quando há crescimento do Produto Interno Bruto. Lógico. É tudo de bom — emprego, renda, oportunidades. Pois, nesta semana, o IBGE informou que o PIB brasileiro cresceu 1,9% no primeiro trimestre em relação ao período anterior, resultado expressivo e bem acima das expectativas. Tanto que os analistas elevaram a perspectiva de expansão neste ano para acima dos 2%, o dobro do que se calculava no início de 2023.

O governo e seus aliados não comemoraram. Em alguns setores, notou-se até mesmo um certo desconforto. Há um motivo técnico. O resultado do primeiro trimestre foi puxado pela agropecuária, com uma surpreendente e espantosa expansão de 21,6%, sempre na comparação com o último trimestre do ano passado.

Os demais setores mostraram números modestos (expansão de 0,6% em serviços e estabilidade na indústria). Além disso, o agronegócio flutua bastante no ano, conforme o andamento das safras. Não é possível crescer assim em todos os trimestres. De todo modo, continua sendo bom. O agro brasileiro hoje é alta tecnologia em genética, máquinas, fertilizantes. Puxa crescimento em vários segmentos industriais e de serviços.

Qual o problema?

Simples. O agro está no rol dos adversários da esquerda dominante no governo Lula. Incluindo o presidente.

Um baita equívoco.

O pensamento conservador ou de direita é dominante no pessoal da agropecuária. Tem bolsonaristas e desmatadores. Tem uma bancada ruralista no Congresso que é, na maioria, oposição a Lula. Mas a maior parte da produção brasileira — e bota maior nisso — é correta e sustentável pelos padrões internacionais. Tanto que exporta para o mundo todo.

Leia mais em O Globo