Excesso de chuvas com inundações em algumas regiões e estiagem em outras. Essas intensas oscilações do clima que ocorrem em áreas agricultáveis do país estão exigindo uma atenção redobrada dos produtores na escolha das medidas de manejo para evitar prejuízos ainda maiores por causa do atraso de plantio da soja, que já é um dos mais expressivos dos últimos anos.
O gerente comercial da Satis, Álvaro Macedo, considera que já existe uma preocupação com esse atraso, pois compromete a situação atual das lavouras de soja já plantadas, que estão sofrendo stress com a situação do clima. Isso poderá atingir respectivamente a janela de plantio da chamada segunda safra, envolvendo especialmente a cultura do milho. A empresa com sede em Araxá (MG) é especializada em soluções de nutrição vegetal e procura orientar seus clientes para a adoção de práticas voltadas à sustentabilidade do agronegócio.
“O produtor precisa avaliar o cenário como um todo, pensando em ações que possam mitigar os efeitos climáticos e avaliar o mercado futuro em todos os seus aspectos. São medidas que auxiliam uma tomada de decisão mais assertiva, inclusive com a possibilidade de priorização da segunda safra, onde for possível, pois em algumas áreas do país ainda se mostra interessante”, recomenda Macedo.
O analista de mercado Claiton Santos, sócio da Somma Agro, de Passo Fundo (RS), afirma que para essa safra agrícola brasileira 23/24 a falta de chuvas, com incidências muito localizadas nas regiões Norte, Centro e Nordeste do Brasil, e quadros de excesso na região Sul irão impactar diretamente na produção. “Também para a segunda safra teremos impactos importantes. Ainda é muito cedo para mensurar em números esses impactos, mas poderemos ter reduções importantes nas áreas de plantio, principalmente do milho e também do algodão no Norte, Centro e Nordeste”.
Claiton destaca que o agronegócio brasileiro é um dos principais pilares da economia. Por isso, toda e qualquer situação que possa comprometer a produção vai impactar diretamente toda a cadeia do setor. “Sabemos que as lavouras são indústrias a céu aberto, isso significa dizer que quando acontece algum fator climático, com certeza vai atingir diretamente as lavouras e o cronograma de plantio, que pode levar a redução de área, atraso do plantio, diminuição do potencial produtivo e atraso da colheita”, acrescenta Santos.
Diante deste cenário, o analista avalia que algumas áreas talvez que não poderão ser plantadas em virtude do calendário agrícola. Em algumas regiões, as janelas de plantio são extremamente justas como, por exemplo, nas regiões MS e MT que colhem a soja e já entram com o plantio do milho. Havendo atraso nesta primeira cultura, pode haver um efeito cascata, atrasando o plantio das demais, possivelmente atrasando a colheita, que pode ser ainda mais comprometida com a chegada de novas chuvas.