Hoje, dia 21 de fevereiro de 2024, é celebrado os 150 anos da primeira imigração italiana no Brasil. O marco histórico é o ano de 1874, quando o navio La Sofia atracou no porto de Vitória, no Espírito Santo, e de lá desembarcaram 388 pessoas vindas de diferentes regiões do País europeu. Esse foi apenas o começo de uma longa história marcada pela disseminação de sua cultura, costumes, a dedicação ao trabalho, entre outros fatores. Atualmente, mais de 30 milhões de descendentes residem no Brasil, o que representa uma demanda enorme de pessoas em busca da cidadania italiana. O número faz do Brasil o país com a maior comunidade italiana fora da Itália no mundo.
Informações recentes mostram que o elevado número de imigrantes e descendentes italianos representam um alto índice de pedidos de cidadania, o que vem sobrecarregando os cartórios da Itália. A região do Vêneto, por exemplo, passa por um grande fluxo de pedidos de reconhecimento de cidadania por parte de brasileiros – ultrapassando 150 mil solicitações.
Segundo o jornal Corriere del Veneto, somente a comunidade de Valdastico registra 100 procedimentos a cada 1,3 mil habitantes anualmente. Treviso e Vicenza também alegam receber dezenas de pedidos a cada semana. Alguns municípios contrataram novos funcionários ou pagam horas extras para que trabalhem em finais de semana.
Experiência na realidade italiana – A CEO do Cidadaniaitaliana.org, a advogada e tradutora pública, Claudia Antonini, é fonte primária para esclarecer informações sobre esses processos. Além de toda sua expertise de quase 30 anos de trabalho para milhares de descendentes, que hoje também são cidadãos italianos, ela participou do 42º Convegno Nazionale Anusca – Associazione Nazionale degli Ufficiali di Stato Civile e d’Anagrafe, na Itália, em 2023, onde presenciou de perto as questões e gargalos italianos.
O evento é a principal conferência italiana no tema, que reúne cartórios e serviços eleitorais de todo país, essenciais para assuntos relacionados à cidadania italiana. O objetivo da participação foi informar e esclarecer os registradores italianos sobre como são produzidos documentos digitais brasileiros (que contenham assinaturas eletrônicas) e quais devem ser os primeiros passos para melhorar as relações legais que envolvem diversas atividades entre cidadãos brasileiros e italianos, bem como governos e empresas.
Claudia, que também é presidente da Associação dos Tradutores Públicos e Intérpretes Comerciais do Rio Grande do Sul (Astrajur), afirma que cabe aos profissionais brasileiros, como advogados, assessores, tradutores a colaboração para ajudar o sistema italiano a perceber que o sistema brasileiro é confiável, moderno e eficiente.
Essa participação permitiu que Claudia estreitasse seu conhecimento e obtivesse uma percepção mais ampla do que impede as melhores relações burocráticas entre os dois países. “Atualmente, temos cerca de 120 mil cidadãos italianos no Rio Grande do Sul e mais de 700 mil no Brasil. Outros 30 milhões têm direito a serem reconhecidos, mas ainda dependem de documentos físicos no processo de reconhecimento”, relembra.
Histórias italianas – Com o trabalho na Cidadaniatialiana.org, Claudia já resgatou a trajetória de muitos descendentes, inclusive a sua própria. “Nenhum dos meus antepassados próximos nasceu no Brasil. Meus avós nasceram na Itália, por parte de pai, e trouxeram para cá todos esses hábitos que nós reproduzimos, sejam na alimentação, sejam na forma de tratar o trabalho”, conta. Com diferentes detalhes e sempre com muitas emoções, cada novo cidadão italiano reconhecido, traz um sentimento de alegria. A reconstrução dessas histórias contribuem para reviver e compreender o que foi o movimento imigratório para o Brasil.