Porto Alegre, quinta, 19 de setembro de 2024
img

Receita de bolo, por André Burger*

Detalhes Notícia

Governo federal lança o Plano Pró Brasil, que estão chamando de Plano Marshall brasileiro, para a criação de um milhão de empregos em dez anos baseados em obras públicas. Isso dá a entender que uma saída da crise pandêmica obrigatoriamente deve vir do governo. Até mesmo economistas e empresários, que se diziam liberais, exigem a participação efetiva do estado na recuperação econômica. Em linhas gerais o que um liberal pensa que pode ser feito para uma retomada econômica rápida? Ou seja, como sair da crise sem pedir por mais governo e gastando menos dinheiro dos pagadores de impostos.

A recuperação econômica será tão mais rápida quanto maior for o choque capitalista na economia. Num país onde o estado consome 35% do PIB é por aí que devemos começar. Óbvio que há necessidade de ações de governo, mas ações passivas, para se tornar menor, menos intrusivo, menos regulador, menos oneroso.

Começamos pela redução do tamanho do estado que é o grande devorador dos impostos. Se faz um amplo programa de privatizações e venda de ativos públicos. Segue-se um programa de demissão voluntária dos funcionários. No Brasil, 20% da força de trabalho é composta por funcionários públicos. Em economias mais maduras e eficientes essa relação é bem menor: 16% nos EUA, 13% na Alemanha, 11% no Chile e Japão. Uma meta razoável é reduzir em um terço esse número. Com um estado menor, os impostos podem e devem ser reduzidos ou mesmo eliminados.

Menos impostos, mais recursos sobram para os indivíduos e investimentos privados. Aumenta a competitividade das empresas brasileiras. O custo de empreender diminui, mais negócios, mais renda e mais empregos. A seguir, se abre o setor bancário e qualquer outro à livre concorrência. Isso implica na diminuição de restrições e regulamentos exigidos pelo banco central e todas as demais agências de regulação. Cartórios passam a ser uma opção das partes contratantes. As restrições ao investimento estrangeiro em todos os setores são retiradas. O respeito à propriedade privada e aos contratos livremente pactuados são garantidos (rule of law). Empresas estrangeiras são atraídas por um ambiente menos oneroso. Pronto, está feito o melhor plano para sairmos da crise, de qualquer crise.

O Brasil não tem os recursos para repetir Marshall por aqui. Fazer o estado ser o motor da economia implica em endividamento público e inflação. Além do efeito secundário perverso de criarmos novas odebrechts para realizarem os investimentos que o governo decidir fazer.

“Government is not the solution to our problem, government is the problem”; Ronald Reagan inaugural address january 20, 1981.

*André Burger, Economista, Administrador de Empresas e ex-Presidente do IEE

*André Burger, Economista, Administrador de Empresas e ex-Presidente do IEE.