Enfrentando os efeitos de uma pandemia que já deixou mais de 10 mil mortos no país, o Brasil assiste, sem comando, a uma série de desentendimentos políticos sem sentido que tiram o foco da tarefa de salvar vidas, na visão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Para o sociólogo de 89 anos, o presidente Jair Bolsonaro tem se distraído das prioridades lutando contra armadilhas criadas por ele mesmo, em um momento em que a oposição não o ameaça.
“O desentendimento político já vinha de antes, mas agora fica sem sentido: briga sem parar, o presidente dá cambalhota e ele mesmo escorrega. É bastante patético o que nós estamos vivendo”, afirma FHC, que vive o isolamento social em seu apartamento em São Paulo, onde divide os dias entre a escrita e a convivência com a mulher, Patrícia, e a cachorrinha que vive com o casal.
“Eu estive lá [na Presidência] eu sei que é difícil. Eu não gosto de falar levianamente sobre essas questões porque sei que são difíceis. Mas quando o presidente perde o rumo, o país todo fica atônito”.
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A falta de uma figura que fale à população com clareza e liderança em um momento de sofrimento, diz o ex-presidente, torna a crise ainda mais delicada. A decisão de trocar ministros, como o da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, [“evidentemente o novo ministro tem que se informar”] e o da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, gera ainda mais turbulência e torna o governo mais fraco, na análise do ex-presidente.
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