Porto Alegre, sexta, 20 de setembro de 2024
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Memorabilia: O Rebu; por Márcio Pinheiro*

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Mais policialesca das tramas novelísticas, O Rebu foi uma pequena revolução na história da dramaturgia. Escrita por Bráulio Pedroso e exibida entre novembro de 1974 e abril de 1975, a novela inovava na estrutura ao apresentar uma trama em que todos os seus 132 capítulos transcorriam durante uma única noite, em sequência não-cronológica.

Inspirado no filme Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder – em que na primeira cena ocorre um crime –, O Rebu partia de uma festa realizada em uma mansão no Alto da Boa Vista, no Rio. Na casa, o banqueiro Conrad Mahler (Ziembinski) organiza uma festa para recepcionar a princesa Olympia Buoncompagni (Marília Branco). Ao amanhecer, os convidados descobrem um cadáver boiando na piscina da mansão e, então, surge a investigação policial. Os acontecimentos não ficavam restritos ao período da festa, com a ação destacando a busca da polícia pelo assassino. Aspectos e detalhes das vidas dos personagens eram passados ao telespectador através das cenas em flashback. Todos eram suspeitos.

Para complicar, O Rebu não fazia mistério apenas sobre o criminoso e seus motivos. Cabia também ao telespectador tentar desvendar quem era a vítima. Como o rosto nunca havia sido mostrado, deduzia-se, pelos cabelos curtos, que a vítima fosse um homem. Mas, no decorrer da trama, o autor mostra em uma das cenas em flashback que, durante a festa, algumas mulheres fizeram uma brincadeira em que elas cortavam os cabelos e vestiam roupas masculinas.

No final, o mistério é desfeito: a vítima havia sido a jovem Sílvia (Bete Mendes), e o crime fora cometido pelo próprio anfitrião, Mahler. Ele matou a moça por ciúmes dela com Cauê (Buza Ferraz), rapaz que vivia sob sua proteção.

O Rebu foi a última novela que teve a participação de Ziembinski. Mestre do teatro, Zbigniew Marian Ziembinski nasceu na Polônia em 1908 e veio para o Brasil aos 33 anos fugindo da II Guerra Mundial. Sua montagem de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, é um marco da cultura brasileira. Ziembinski morreu em outubro de 1978, aos 70 anos.

*Márcio Pinheiro, jornalista, escritor e publisher do AmaJazz