Porto Alegre, quinta, 14 de novembro de 2024
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Desamparos

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Foto: André Stéfano

 

 

Em tempos de reinvenção do mundo, as já populares lives têm sido uma das poucas janelas possíveis para manter o artista vivo e levar a arte ao público. Cléo De Páris e Fábio Penna, integrantes da cia. teatral paulistana Os Satyros e amigos de longa data, estão reunidos na nova missão: ele é o diretor do projeto Desamparos, que consiste em lives semanais da atriz, transmitidas diretamente da longínqua Barão de Cotegipe, 7.000 habitantes, cidade natal de Cléo, no Rio Grande do Sul, onde vive sua família.

O início do projeto se deu de forma inesperada, pouco antes do isolamento social. Fábio passava alguns dias na casa de Cléo por conta de uma filmagem nas proximidades, e acabou tendo que permanecer lá. A atriz, por sua vez, precisou fazer uma viagem à sua cidade, e assim tiveram que ir juntos para o Sul.

Cléo costuma chamar a pequena Barão de Cotegipe de “sua Macondo”, uma referência à aldeia criada por Gabriel García Márquez em A Revoada e consagrada em Cem Anos de Solidão. E é precisamente neste lugar, inspirados pela atmosfera do casarão em que cumprem a quarentena, que surge a ideia do projeto.

> O REENCONTRO DE UMA ATRIZ COM OS SEUS TEXTOS, SUAS RAÍZES E UM VELHO AMIGO, EMBALADO POR UM MOMENTO ÚNICO NO PLANETA.

“Iniciamos (as lives) durante nossa quarentena no casarão e, por essa razão, nos servimos dos recursos que estavam ao nosso alcance, como o sino da igreja, que se ouve da cidade inteira, velas, abajur, o vasto jardim. Isso nos trouxe aquele clima ritualístico e potente que todo bom teatro deve ter, então optamos por manter a ê nesse formato e com essa direção de arte”, conta a atriz.

O nome Desamparos – assim como boa parte dos textos – veio do blog Pueril, que Cléo manteve durante muito tempo no UOL. Há também nas lives textos de Rainer Maria Rilke, Florbela Espanca, Cecília Meireles, Milan Kundera, entre outros.

> CLÉO DE PÁRIS – atriz e autora

Com a cia. Os Satyros, participou das seguintes montagens: A Filosofia na Alcova, Cosmogonia, A Vida na Praça Roosevelt, Inocência, Divinas Palavras, O Dia das Crianças, Vestido de Noiva, Liz, Roberto Zucco, Cansei de Tomar Fanta, Cabaret Stravaganza e A Nossa Gata Preta e Branca, Édipo na Praça e Justine. Com direção de Eric Lenate atuou em Ludwig e suas Irmãs. Fora dos palcos, coordena o Programa Kairós da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.

Iniciou sua trajetória como atriz na Cia. das Índias, de Porto Alegre. Já em São Paulo, em 2003, atuou no espetáculo Corações Partidos e Contemplação de Horizontes, texto de Dionísio Neto com direção de Renata Jesion. Ainda em 2003, cursou o Centro de Pesquisa Teatral (CPT/SESC), sob a coordenação de Antunes Filho.

No cinema, atuou em diversos longas, médias e curtas-metragens, com destaque para Encarnação do Demônio, de 2008, com direção de José Mojica Marins, Carnaval, de 2001, com direção de Bruno Vianna, Tolerância, de 1999, com direção de Carlos Gerbase, Nocturno, de 1998, com direção de Dennison Ramalho e Vida do Outro, de 1997, com direção coletiva dos alunos de Cinema da PUC/RS. Por este trabalho, Cléo ganhou o Kikito de Melhor Atriz em curtas e médias-metragens no Festival de Cinema de Gramado de 1998.

Na televisão, em 2008, fez o telefilme A Noiva e, em 2009, a minissérie Além do Horizonte, ambos pelo projeto Direções da TV Cultura, com direção de Rodolfo García Vázquez.

> FÁBIO PENNA – diretor

Integrante da cia. Os Satyros desde 2006. Formando pelo Teatro Escola Célia Helena (1998), Trabalhou com os principais diretores de teatro de São Paulo, como: Marco Antônio Rodrigues, Ron Daniels, Willian Pereira, Emilio De Biasi, Marcelo Lazzarato, Vladimir Capella, Bete Dorgam, Paulo Farias, Rodolfo Garcia Vazquez, entre outros. Na Cia. de Teatro Os Satyros, atua, dirige e ministra oficinas de interpretação. Participou dos principais espetáculos, dentre eles, o premiado Pessoas Perfeitas (Prêmio Shell e APCA). Foi, durante quatro anos, educador-diretor no Projeto das Fábricas de Cultura.

Entre os últimos trabalhos, atuou na série Terra Dois (prêmio APCA de melhor série 2018) dirigida por Ricardo Elias e Mika Lins, atuou nos longas 30 anos Blues, de Dida Andrade e Andradina Azevedo (ganhador do Kikito de Prêmio Especial do Júri 2019), e Feique, de Gabriel Alvim. Além de ter participado do filme A Garota do Calendário um filme de Helena Ignez.

Recentemente esteve em cartaz com o espetáculo Mississipi, d’Os Satyros, pelo qual foi indicado como melhor ator coadjuvante pelo prêmio Aplauso Brasil 2019. A pré-estreia aconteceu no Festival de Curitiba, e a estreia no Sesc Consolação/Teatro Anchieta.

As lives semanais, com textos de Cléo De Páris e fragmentos de outros autores, dirigidos por Fábio Penna (@fabiopenna1), acontecem nos jardins e no interior de um casarão da família da atriz, na pequena Barão de Cotegipe, no interior do Rio Grande do Sul, cidade onde atriz e diretor cumprem quarentena.

– A cena, um híbrido de teatro e cinema, é itinerante e apresentada à luz de velas e abajur, utilizando-se de elementos que fizeram parte da infância da atriz, como suas bonecas, outros objetos e até mesmo o som dos sinos da cidade, que fazem as vezes de terceiro sinal.

– A cada semana, um espetáculo diferente. Todos ficam disponíveis no IGTV (@cleodeparis) e Vimeo de Cléo (https://vimeo.com/user88397140).