Porto Alegre, quinta, 02 de maio de 2024
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Lula pede desculpas a famílias de vítimas e diz que “Cesare Battisti foi uma frustração”; RFI

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Cesare Battisti é escoltado pela Polícia Federal em 5 de outubro de 2017, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, após um juiz decretar a sua prisão preventiva. AFP/File

 

 

Pela primeira vez, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicou os motivos de sua decisão de conceder o refúgio no Brasil ao ativista italiano Cesare Battisti, em 31 de dezembro de 2010. Em entrevista nesta quinta-feira (20) à TV Democracia, Lula disse que ao saber que o italiano confessou os crimes “sente uma grande frustração” e pede desculpas às famílias das vítimas.

O ex-ativista do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), organização terrorista de extrema esquerda que atuou no período conhecido como os “anos de chumbo” na Itália, cumpre prisão perpétua desde janeiro do ano passado no presídio de Oristano, na ilha da Sardenha. Battisti foi condenado por quatro homicídios cometidos na Itália, no fim da década de 1970.

Em março de 2019, durante um longo interrogatório feito pelo procurador Alberto Nobili na prisão, Battisti admitiu sua responsabilidade em quatro mortes: a do subtenente Antonio Santoro, morto em Udine, em 6 de junho de 1978; a do joalheiro Pierluigi Torregiani e do comerciante Lino Sabbadin, ambos mortos pelo PAC em 16 de fevereiro de 1979, o primeiro em Milão e o segundo em Mestre; e a do agente Digos Andrea Campagna, assassinado em Milão em 19 de abril de 1978. Battisti, até então, sempre havia se declarado inocente dos crimes.

“Quando ele foi preso e confessou, foi uma frustração. Ele comprometeu um governo que tinha uma relação extraordinária, e eu ainda tenho, com toda a esquerda italiana e europeia. Ele não precisaria ter mentido para quem acreditava nele. A base da verdade na política é você não prejudicar um amigo”, disse Lula.

O ex-presidente ressaltou que quando alguém comete um crime, deve dizer a verdade e o advogado saberá como defendê-lo.

“Não dá para mentir para os amigos. Hoje, acho que, assim como eu, todo mundo da esquerda brasileira que defendeu Cesare Battisti aqui ficou frustrado. Ficou decepcionado. Eu não teria nenhum problema de pedir desculpas à esquerda italiana e às famílias, por ele ter cometido os crimes e ter enganado muita gente no Brasil. Não sei se enganou muita gente na França, mas na verdade muita gente achava que ele era inocente. Nós cometemos esse erro e devemos desculpas. Não tenho dúvida nenhuma. Ele mentiu para as pessoas de bem aqui no Brasil que acreditavam nele.”

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