A infectologista brasileira Otilia Lupi estava em Paris, atuando como médica visitante no serviço de Infectologia do hospital Pitié Salpetrière, uma das referências em termos de medicina na França, quando a pandemia de Covid-19 chegou na Europa. Ela acompanhou o início da gestão da crise sanitária no país europeu e compara com a situação brasileira, onde o surto chegou mais de um mês depois.
“Eu gostei de ter presenciado a chegada da pandemia na França porque tive a oportunidade de ver a complacência de um outro sistema acontecendo”, conta a médica. Ela insiste que são sistemas muito diferentes e que “não seria correto comparar. O colapso aqui é diferente do colapso no Brasil”.
Otilia já sabia dessa diferença, mas viveu a situação dentro de uma das instituições francesas mais reputadas na luta contra doenças infecciosas, em um momento em que os próprios médicos do país descobriam o vírus que desembarcava na Europa. A infectologista da Fiocruz fazia um estágio de observação no Pitié Salpétrière quando os primeiros pacientes foram hospitalizados, entre fevereiro e março.
“No primeiro momento, eles lidaram com deficiências, que é uma situação crônica também para a gente no Brasil, em particular no Rio de Janeiro, onde eu trabalho e conheço bastante. Foi muito interessante ver como um sistema mais rico foi capaz de encarar a falta. A falta de máscaras, de leito, de médicos, de enfermeiros”, conta a médica, que estava no hospital francês quando o lockdown foi decretado, em 17 de março.
LEia mais em RFI