A resiliência do filho parecia encher Emílio Odebrecht de orgulho. Embora fosse o presidente do Conselho de Administração da holding, a Odebrecht S.A., o pai estava afastado do dia a dia do grupo. Quando seu filho Marcelo foi preso, em 19 de junho de 2015, o pai descansava com os netos na fazenda da família em Itagibá, no Sul da Bahia. Voltou para São Paulo e assumiu o comando. Nomeou um presidente interino, Newton de Souza, seu aliado de muitos anos. Mas não o efetivou porque, assim como quase todo mundo na Odebrecht, tinha certeza de que o filho seria logo libertado. Fosse por isso, por estar muito ocupado administrando o caos em que se convertera a organização nas investigações da Lava Jato, ou porque não pretendia se expor entrando em uma carceragem cercado por repórteres e câmeras, Emílio chegava ao fim de setembro sem ter visitado o herdeiro. Não sabia como era o local onde ele estava, não lhe dera um abraço. Ainda assim, quando perguntavam sobre o humor de Marcelo, batia no peito: “Meu filho aguenta!!!”
Apesar do propalado orgulho, a relação dos dois era tumultuada. Os conflitos se repetiam desde que Marcelo era pequeno. Continuaram mesmo depois de ele se tornar um dos principais executivos do império familiar, e ainda mais quando atingiu o topo da hierarquia. Não eram poucas as ocasiões em que Marcelo criticava abertamente o pai e recusava suas orientações. Aos mais próximos, dizia que Emílio não era firme o suficiente no comando. Que era otimista demais e achava que os problemas se resolviam sozinhos. Irritava-se com a maneira como ele conduzia os assuntos, sempre procurando um consenso e minimizando dificuldades, a ponto de se omitir diante de questões graves. Dizia que o pai distribuía dinheiro demais a quem não merecia. Ressentia-se por não compartilhar de suas opiniões, achava que o velho não entendia seus raciocínios.
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