Porto Alegre, domingo, 06 de outubro de 2024
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Porto Alegre: Prefeito debate futuro do transporte com especialistas

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Prefeito Sebastião Melo participa do Vozes da Cidade, reunião virtual com especialistas sobre Transporte Público. Foto: Mateus Raugust/PMPA

 

 No processo de pensar a reestruturação do sistema de transporte público, o prefeito Sebastião Melo ouviu especialistas na manhã deste sábado, 30, em reunião virtual. Por duas horas, foram debatidas medidas de curto, médio e longo prazos, desde a estruturação da tarifa a estratégias de mobilidade envolvendo os demais modais de transporte.

A necessidade de apontar receitas extratarifárias permeou os discursos de alguns especialistas, como o coordenador da Comissão de Transportes da Sociedade de Engenharia do RS, João Fortini Albano. “O subsídio tem que ser a última medida a ser tomada, porque os recursos fazem falta para serviços à sociedade. Devemos estudar as gratuidades e o sistema tem que ter recursos extratarifários”, defendeu. Já o diretor do programa de Cidades do WRI, Luis Antonio Lindau, reafirmou que o transporte enfrenta problemas em nível internacional. “O sistema está colapsando em todo o Brasil”, disse, apontando entre os rumos possíveis também as receitas extratarifárias como taxa de mobilidade, como se aplica em países da Europa.

Em contraposição, o especialista Daniel Andrade pontuou que não encontra em medidas pontuais a solução para o problema de Porto Alegre. “É preciso um conjunto de ações sincronizadas, em diversos âmbitos, para romper o ciclo negativo. Não temos licença social para taxar mais nada no Brasil”, defendeu, afirmando que existe oportunidade de captação de recursos, inclusive internacionais, para projetos de inovação em mobilidade.

Presidente da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS (Agergs) e ex-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Luiz Afonso Senna, afirmou que a gestão, tanto pública quanto nos consórcios privados, é ultrapassada, combatendo também a lógica de aportar subsídio para além de um processo de transição. “Precisamos tomar decisões sustentáveis”, afirmou, defendendo a não limitação das operações com premissas definidas pelo poder público, apontando a necessidade de indicadores de performance.

“Há necessidade de uma ação governamental integrada envolvendo os órgãos federais, recompondo uma estrutura de apoio aos municípios quanto ao transporte coletivo. O governo federal não pode estar ausente dessa discussão”, afirmou Clóvis Magalhães, que foi secretário de Gestão de Porto Alegre.

O debate contou também com a participação do engenheiro Luís Roberto Ponte. “Precisamos de uma fonte de financiamento mais justa, que induza o uso do sistema público com qualidade. A cidade ganhará em mobilidade e justiça social”.

Melo exaltou a importância de um debate técnico sobre o futuro do transporte, que exige no presente medidas também urgentes para viabilizar a manutenção do serviço. “É uma discussão rica sobre um problema extremamente complexo e histórico em Porto Alegre. Estamos buscando diálogo em todas as frentes para tomar as melhores decisões para a cidade”, concluiu o prefeito.

Acompanharam a discussão os secretários municipais de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Záchia, de Parcerias, Ana Pellini, de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Cezar Schirmer, e de Inovação, Fernando Mattos, o presidente da Carris, Maurício Cunha, diretor-presidente da EPTC, Paulo Ramires, e o procurador-geral do Município, Roberto Rocha.