Porto Alegre, segunda, 25 de novembro de 2024
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Fórum da Liberdade: A busca do equilíbrio de poder da sociedade e do Estado

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O último painel do Fórum da Liberdade 2021, “Quem vigia os vigilantes?”, teve a presença especial do economista e autor do livro “Por que as nações fracassam?”, James Robinson, que foi entrevistado pelo jornalista e mestre em Ciência Política William Waack, sob a mediação do vice-presidente do IEE, Gabriel Torres.

Robinson apresentou uma análise sobre o impacto do poder do Estado e da sociedade. Lembrou de situações como na China ou na Rússia, onde o poder do Estado sobre as pessoas é maior, e de casos como no Iêmen, onde a sociedade domina o Estado. A conclusão do autor é de que nenhum dos casos evita situações de violência ou permite muita liberdade.

– É um balanço, você tem que equilibrar o poder da sociedade e o do Estado – observa o escritor, que defende que, quanto maior a liberdade de uma nação, mais forte é sua democracia.

Perguntado por Waack sobre o que justifica o sucesso econômico da China, uma vez que não é um país que garante liberdade à sua população, Robinson defendeu que governos autoritários podem criar momentos de prosperidades – como também foi o caso da Rússia, entre os anos 1950 e 1970 –, mas que este sucesso tende a não ser duradouro.

– Há muitos booms na nossa história, mas isto não é sustentável, quando você tem de roubar as ideias das pessoas, quando você não respeita o direito à propriedade. A perseguição que a China pratica não condiz com a de uma forte potência econômica capitalista. Quando concentrar o poder político é o mais importante, a liberdade não dura. Para sustentar a liberdade, você precisa ter um regime político apropriado – avalia o economista.

O pensador destacou, ainda, que há uma desilusão generalizada das populações de diferentes países com a terceira onda da democracia, na qual governos democráticos não conseguiram lidar com determinados problemas e pressões. Isto criou, no entendimento de Robinson, uma janela para o populismo, por exemplo:

­– Nos Estados Unidos, apesar da falta de evidências de uma fraude nas eleições, cresceu o argumento de que elas foram fraudadas. Isto não tem precedente histórico e é um sinal muito preocupante. Há tanta polarização na política, que as pessoas não pensam no longo prazo quando se engajam em um ou outro caminho, e as consequências são enormes.

Apesar da preocupação, o economista ressalta acreditar que pode levar algum tempo para emergir novamente a liberdade, mas que sua tendência é persistir.