Porto Alegre, sexta, 03 de maio de 2024
img

"Cracolândia parisiense": polícia confina consumidores de droga em parque e revolta vizinhança; RFI

Detalhes Notícia
Bairro de Stalingrad, em Paris: mesmo com a gentrificação a apartamentos a € 10 mil o metro quadrado, moradores sofrem com presença de traficantes e consumidores de crack. AFP - JOEL SAGET

 

 

Um bairro no norte da capital francesa sofre há meses com a presença de traficantes e consumidores e drogas. O toque de recolher imposto pela crise sanitária piorou a situação, com ruas vazias e comércio fechado por causa do lockdown. Para tentar resolver o problema, as autoridades decidiram reunir os usuários de entorpecentes em um parque na mesma região. Mas a situação desagradou tanto associações, como vizinhos do jardim, que se tornou uma espécie de “cracolândia francesa”.

As imagens de rojões lançados das janelas de prédios contra pessoas que estavam nas ruas mostraram um lado de Paris menos conhecido dos turistas. A cena, que viralizou nas redes sociais e ganhou destaque em parte da imprensa no início de maio, mostra disparos vindos de apartamentos de moradores de Stalingrad, bairro no nordeste da cidade. Eles se dizem irritados com uma vizinhança não desejada: os traficantes e consumidores de drogas, que tomaram as ruas e calçadas da região nos últimos meses.

Essa não é a primeira vez que o bairro tem problemas do gênero. Nos anos 1980 e 1990, Stalingrad fazia parte dos locais mal frequentados de Paris. Mas como em outras capitais europeias, a gentrificação passou por lá e essa região até então popular mudou de cara. Cafés animados, cinemas com filmes cabeça, startups e mercados de produtos orgânicos fazem parte do cenário atual, pontuado por um desfile de moradores cada vez mais endinheirados, que aproveitaram os baixos preços dos imóveis na região para encontrar moradias mais espaçosas.

O mercado imobiliário acompanhou o movimento e hoje já é possível encontrar apartamentos que custam mais de € 10 mil o metro quadrado. Às margens do Canal Saint Martin – o mesmo de onde Amélie Poulin jogava suas pedrinhas no filme emblemático da Paris dos anos 2000 – casais empurram seus carrinhos de bebês e grupos de amigos fazem piquenique ou jogam pétanque (a bocha francesa) mostrando uma vida vibrante, daquelas que as publicidades voltadas para consumidores mais jovens adoram filmar. Aliás, uma escola de cinema e outra de teatro também funcionam na região, é não é raro ver seus estudantes fazendo exercícios de vídeo por lá.

Mas o que os moradores de Stalingrad têm visto atualmente está bem longe desse cartão postal de civilização moderna. Nos últimos meses, algumas ruas e praças estão sendo tomadas novamente por traficantes e usuários de drogas – principalmente crack.

Leia mais em RFI