Desde março de 2020, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desdenhou da gravidade da pandemia de coronavírus. Minimizou os efeitos da doença, não difundiu a importâncias das medidas de distanciamento social, incentivou a compra de remédios comprovadamente ineficazes no tratamento do vírus e demorou a adquirir vacinas. Diante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, que tenta fazer uma devassa em seu Governo e definir responsáveis pela disseminação da covid-19, que já vitimou mais de 448.000 pessoas no país, o presidente orientou seus aliados que são interrogados no colegiado a negarem os fatos. Os três últimos depoentes que ocuparam cargos na gestão de Bolsonaro mentiram, distorceram versões e se contradisseram em seus depoimentos. É o que o relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), batizou de a “negativa do negacionismo”. “Essa gente não rejeita, não ‘negaciona’ apenas o enfrentamento da pandemia, mas a democracia, a diplomacia”, disse o parlamentar em entrevista ao EL PAÍS.
Depois de três semanas de trabalhos, o senador emedebista diz que alguns dos depoentes, como o ex-ministro e general da ativa Eduardo Pazuello, podem ser reconvocados para acareações. Também afirma que, assim como este militar e o ex-secretário Fábio Wajngarten, os próximos que mentirem terão seus depoimentos encaminhados para o Ministério Público Federal, para que sejam processados rapidamente. Prometeu que a Agência Senado passará a fazer uma checagem de fatos online dos depoimentos. E não descartou a convocação do vereador Carlos Bolsonaro, que, segundo Calheiros, seria um dos membros de uma espécie de conselho paralelo de seu pai, o presidente Bolsonaro. A entrevista que segue foi concedida por videoconferência, na última sexta-feira, logo após Calheiros desembarcar em Maceió.
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