Porto Alegre, segunda, 21 de outubro de 2024
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Pierre Lévy: “Muitos não acreditam, mas já éramos muito maus antes da internet”; El País

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Escritor, professor e filósofo analisa o impacto das novas tecnologias e a hiperdigitalização em nossas sociedades. “Desde o momento em que há linguagem, há mentira e manipulação”. JUSTIN TANG (CONTACTO)

 

 

Há 30 anos, Pierre Lévy (Túnis, 1956) já falava e escrevia com desenvoltura sobre assuntos como o teletrabalho, as fake news, a realidade virtual e as mudanças que as novas tecnologias viriam a provocar na cultura. Estaríamos, portanto, perante o que sinteticamente se costuma chamar de um visionário. Quando no começo da década de 1990 ele elucubrava para quem quisesse ouvir sobre o indefectível advento de uma superestrutura universal de comunicação e troca de dados, a internet ainda estava apenas engatinhando. A leitura de obras suas como As tecnologias da inteligência, A inteligência coletiva, Cibercultura, Ciberdemocracia e O que é o virtual? fornecem chaves valiosas a respeito não só das infinitas possibilidades das novas tecnologias nas sociedades digitais, mas também sobre os usos e abusos que o poder político faz da internet e sobre o triunfo de um tecnopoder mundial no qual o que ele chama de Estados-plataformas (Apple, Microsoft, Google, Facebook, Amazon etc.) já estariam acima dos Estados-nação.

Escritor, filósofo e doutor em Sociologia e em História da Ciência, esse intelectual nascido na Tunísia e formado na França sob a égide de pensadores como Michel Serres e Cornelius Castoriadis é professor-emérito da Universidade de Ottawa, professor-associado na de Montreal e membro da Academia de Ciências do Canadá. Lévy dedicou vários anos de sua vida a pesquisar e desenvolver uma metalinguagem digital, o IEML (“metalinguagem da economia da informação”, na sigla em inglês), cujo objetivo é oferecer um sistema sintático de coordenadas para abordar os conceitos encontrados na internet. Seu livro mais recente é La sphère sémantique, mas está concluindo outro sobre a relevância dos metadados. É um firme defensor das possibilidades educativas, culturais e sociais das novas tecnologias digitais, mas também um alto-falante que avisa de seus abusos e perigos.

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