Criticar publicamente o regime cubano ainda é um tabu entre a esquerda brasileira. Militantes e os principais partidos progressistas do país vêm se manifestando nas redes sociais e através de comunicados reconhecendo, em grande parte, a legitimidade dos protestos em Cuba, ao mesmo tempo em que se esquivam de criticar o Governo de Miguel Díaz-Canel. Pelo contrário, o apoio a ele parece ser quase uma unanimidade. O foco é na exaltação no que consideram ser conquistas sociais da Revolução Cubana e nas críticas ao embargo comercial promovido pelos Estados Unidos há mais de meio século, tendo como agravante as mais de 200 sanções econômicas impostas à Ilha pela administração Donald Trump e que ainda não foram suspensas por seu sucessor, o democrata Joe Biden. Ficaram de lado as várias contradições internas, como as reformas econômicas promovidas no ano passado que agravaram a situação, a insatisfação da juventude e o papel da internet entre as novas gerações.
A sociedade cubana está em movimento e promoveu no último domingo, 11 de julho, os maiores protestos em quase 30 anos. As causas parecem ser múltiplas e envolvem desde demandas por liberdade política e democracia como também o cansaço por viver numa situação de sufocamento econômico, com cortes de eletricidade, falta de medicamentos ou alto custo dos alimentos. Ao bloqueio econômico se somam as reformas promovidas pelo Governo no fim do ano passado, que unificou moedas, assim como as dificuldades geradas pela pandemia da covid-19. Apesar de inéditas em muito tempo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), principal líder de esquerda do país e possivelmente da América Latina, tratou de minimizar a questão. “O que está acontecendo em Cuba de tão especial pra falarem tanto?! Houve uma passeata. Inclusive vi o presidente de Cuba na passeata, conversando com as pessoas”, afirmou durante uma entrevista à radio Bandeirantes na última terça-feira. Trechos da conversa foram compartilhados em suas redes sociais. “Já cansei de ver faixa contra Lula, contra Dilma, contra o Trump… As pessoas se manifestam”, afirmou, como se protestos na Ilha fossem corriqueiros.
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