Com a inflação pressionada e as expectativas do IPCA em alta, a autoridade monetária continuou aumentando a Selic em 1,0 p.p., preservando o ritmo adotado na última reunião. Apesar de ser um fenômeno mundial, a inflação brasileira tem sido mais alta e apresentado características de maior persistência. Os resultados de agosto foram surpreendentemente altos e os dados de setembro devem refletir o impulso vindo da instalação da bandeira de escassez hídrica.
Além disso, as expectativas de inflação em alta também coadunam para que a decisão do Banco Central fosse a de continuar elevando a taxa de juros e, em breve, levar a Selic a um patamar mais alto do que o nível neutro. O problema é que uma taxa de juros muito restritiva pode representar um resfriamento muito forte da atividade econômica, com reflexos negativos sobre a dinâmica do emprego.
Sendo atualmente um objetivo secundário do Banco Central fomentar o pleno emprego, fica a dúvida sobre até que ponto o BC vai priorizar o alcance da meta sacrificando crescimento. E dúvida (incerteza) é o que há de pior para o sucesso do sistema de metas de inflação.
Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio-RS