Mensagens em poder da CPI da Covid indicam que blogueiros ligados ao governo usavam grupos de Whatsapp para coordenar ataques nas redes sociais contra adversários políticos do presidente Jair Bolsonaro. A estratégia foi usada em mobilizações contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), uma das principais denunciantes do suposto esquema que envolveria também a divulgação de notícias falsas e o uso de robôs — a parlamentar prestou depoimento à CPI das Fake News. O material foi obtido com exclusividade pelo GLOBO.
Em uma conversa num grupo do aplicativo, em abril de 2020, o youtuber bolsonarista Bernardo Küster afirma: “Recebi ordens do GDO para levantar forte a tag #DoriaPiorQueLula. Bora lá no Twitter”, escreveu, sendo apoiado por outros integrantes do chat. Cinco meses antes, durante os trabalhos da CPMI das Fake News, Küster tentou vazar informações que, avaliou, prejudicariam Joice, ex-aliada de Bolsonaro. O termo “GDO”, segundo senadores que estão analisando as mensagens, seria uma referência a “Gabinete do Ódio”, forma como o grupo de apoiadores com atuação nas redes — que incluiria também auxiliares com cargos no Palácio do Planalto — ficou conhecido. Relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) avalia incluir as informações contidas no material em seu parecer final.
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