Porto Alegre, segunda, 25 de novembro de 2024
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Crescem no país os casos de tolerância e até de apologia ao nazismo, por André Sollitto, Sabrina Brito/Veja

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Ao defender a criação de um partido nazista, influenciador digital mostra como as redes estimulam o ódio ./Reprodução

 

 

“Eu acho que tinha que ter o partido nazista reconhecido por lei. (…) A questão é: se o cara quiser ser um antijudeu, eu acho que ele tinha o direito de ser.”

Preste atenção nas frases que estão em destaque acima. Leia uma vez. Examine novamente o texto para ter certeza sobre o que o autor quis dizer. Para ficar bem claro: o que foi dito ali, sem meias-palavras ou ambiguidades, é que não há nada de errado em perseguir judeus. De novo, agora aqui: “Se um cara quiser ser um antijudeu, eu acho que ele tinha o direito de ser”. E então: “Eu acho que tinha que ter o partido nazista reconhecido por lei”. As pavorosas afirmações que fazem apologia ao nazismo não foram obra de um desvairado anônimo, o que já seria suficientemente asqueroso. Elas, ao contrário, pertencem a Bruno Aiub, conhecido como Monark, uma dessas celebridades que a internet produz em ritmo alucinante. Monark é apresentador do Flow Podcast, programa de entrevistas com personalidades de diversas áreas e que, só no YouTube, é seguido por 3,6 milhões de pessoas. Estavam ao lado dele os deputados Kim Kataguiri, do DEM, e Tabata Amaral, do PSB. Tabata respondeu à altura. “A liberdade de expressão termina quando coloca a vida do outro em risco”, disse. Kim ecoou a barbaridade de Monark ao afirmar que considera errado a Alemanha ter criminalizado o nazismo depois da II Guerra Mundial.

A defesa desavergonhada do nazismo em um programa campeão de audiência expõe uma face sombria do país. É disso que se trata: sob o pretexto da liberdade de expressão, parte da sociedade brasileira se sente autorizada a aplaudir a praga da intolerância. “Precisamos reconsiderar o que é discurso de ódio e o que é liberdade de expressão”, disse a VEJA o historiador americano Edwin Black, que vendeu 2 milhões de livros sobre o assunto. “O discurso de Monark reflete três camadas: ignorância, ingenuidade e arrogância. Isso é perigoso.”

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