A Constituinte do Chile concluiu seus trabalhos, mas as fraturas políticas que em outubro de 2019 levaram o país às maiores manifestações de sua História seguem sem cicatrizar. Se no referendo de convocação teve o apoio de quase 80% dos chilenos, a Convenção Constitucional, liderada pela esquerda, perdeu crédito em seus 12 meses de trabalho, e hoje a opção de rejeitar o texto da nova Carta no plebiscito programado para 4 de setembro lidera as pesquisas.
Na manhã desta segunda, o documento final será entregue ao presidente Gabriel Boric, em uma cerimônia simbólica. Os trabalhos de fato acabaram na terça-feira, após sessões finais incendiárias. Nos últimos discursos, constituintes de direita, que não alcançaram um terço dos assentos para ter poder de veto, acusaram a esquerda de desperdiçar uma oportunidade histórica de fazer uma Carta que unisse o país. Uma delas, Rocío Cantuarias (Evópoli), disse que via nos pares “aspirantes a revolucionários russos, ditadores africanos, guerrilheiros caribenhos, mas nenhum trabalhador chileno”.
Já constituintes independentes — em meio a algumas vozes mais sóbrias — defendiam com fervor o texto. Dayyana González, da Lista do Povo, afirmou que “a origem desse processo está na revolta, nas barricadas e na legitimidade do fogo”. A independente Bessy Gallardo acusou opositores de serem feitos de “miséria humana”. Aprovado o texto, muitos cantaram “o povo unido avança sem partidos”.
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