Os aviões estão lá. Tranquilos e soberanos sobrevoando a tudo. São coloridos, mas nascem da escuridão, das sombras, das ausências. “A vontade de criar nos leva a penetrar no nosso inconsciente e a olhar nas profundezas. Creio que a inspiração vem daí. Quando alguma coisa foi perdida, quando algo falta, buscamos o conhecimento. É dele que vem a luz para iluminar o caminho”, explica Eduardo Vieira da Cunha, artista plástico, fotógrafo, professor e autor das imagens que ilustram as páginas desta reportagem.
Eduardo é o filho mais novo de Liberato Salzano Vieira da Cunha, líder político da região de Cachoeira do Sul e que morreu aos 37 anos num trágico acidente aéreo próximo a Bagé. Liberato estava acompanhado da mulher, mãe de Eduardo, que ficou órfão com apenas um ano de idade. “Foi um acontecimento marcante. Por muito tempo, preferi não falar sobre isso. Talvez por defesa, talvez por não querer me sentir diferente dos outros colegas de escola”, conta. “Durante meu doutorado, aprendi a trazer para a reflexão no próprio texto da tese, esse dado autobiográfico. Pois vi que esses elementos que constituíram nossa história pessoal são muito importantes, e acabam refletidos na obra. Todo o trabalho é, no final, uma autobiografia e um acerto de contas consigo mesmo”, completa.
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