O poema “Se”(IF”), escrito em 1895 pelo escritor anglo-indiano Joseph Rudyard Kipling (Prêmio Nobel de Literatura – 1907) e publicado pela primeira vez em 1910 numa coletânea de contos e poemas intitulada “Rewards and Fairies”.
O poema é uma “orientação” a seu filho John Kipling quando o mesmo tinha doze anos de idade.
Infelizmente em 27 de setembro de 1915, o jovem desapareceu em ação na Batalha de Loos, no norte da França. O tenente de dezoito anos de idade foi provavelmente o soldado mais procurado da Primeira Guerra Mundial. Seu pai era, na época, o primeiro britânico vencedor do Nobel de literatura e o mais importante poeta do império.
Um frenético Rudyard Kipling mobilizou todas os recursos disponíveis. O Príncipe de Gales, a Princesa da Suécia e o embaixador americano em Londres tentaram ajudar. O Royal Flying Corps jogou panfletos mimeografados atrás das linhas inimigas para o caso do “Sohn des weltberühmten Schriftstellers” Rudyard Kipling (o filho do escritor mundialmente famoso Rudyard Kipling)” tivesse sido raptado ou feito prisioneiro. Para a esposa de Kipling, Carrie, a ameaça de captura era uma possibilidade ainda pior do que a morte: o ódio de seu marido pelos Hunos (termo que Kipling usava para os alemães, quando não os chamava de “animais selvagens” ou “O Mal Encarnado”) tinha sido exaltado em seus discursos de recrutamento e artigos jornalísticos. Como os “hunos” tratariam seu filho ferido se o tivessem capturado?
Ansiosos de forma doentia, Carrie e Rudyard visitaram hospitais de guerra e entrevistaram soldados do regimento de John, da Guarda Irlandesa, na esperança de qualquer informação. Não conseguiram nenhuma resposta conclusiva. Uma testemunha ocular disse a um amigo deles que uma bomba havia explodido sobre John, esmagando sua mandíbula e deixando-o aos berros de dor. O amigo, porém, considerou cruel demais transmitir essa informação aos Kipling. John estava destinado, assim como o Drummer Hodge, de Thomas Hardy, a permanecer “desenterrado” até 1992, quando seus restos foram supostamente encontrados em Chalk Pit Wood — embora ainda haja dúvidas sobre essa afirmação.
Kipling registrou sua busca angustiante no sombrio poema de 1916, “My Boy Jack”, no qual um pai pede notícias, qualquer notícia, de seu filho marinheiro, apenas para receber a resposta impávida: “Não com este vento soprando e essa maré” (Este era o segundo filho que os Kipling perdiam. Sua filha de seis anos, Josephine, para quem as histórias de O livro da selva foram escritas, morreu de pneumonia, em Nova York, em 1899.)
Joseph Rudyard Kipling, nasceu em Bombaim, em 30 de dezembro de 1865 e faleceu em Londres, em 18 de janeiro de 1936.
“Se
Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar –sem que a isso só te atires,
De sonhar –sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: “Persiste!”;
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que mais –tu serás um homem, ó meu filho!
“If”, é famoso em língua inglesa, um poema clássico, foi declamado por muitos . Abaixo o vídeo com Roger Federer e Rafael Nadal: