Porto Alegre, quinta, 02 de maio de 2024
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RS: Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Porto Alegre recebem ‘Virginia' estrelado por Claudia Abreu em outubro

Detalhes Notícia
dirigido por Amir Haddad, marca a estreia da atriz como autora teatral em um mergulho no universo de Virigina Woolf. Foto: Pablo Henriques

 

 

Claudia Abreu retorna aos palcos gaúchos a partir de 04 de outubro, realizando uma turnê por Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Porto Alegre, com apresentações de seu mais recente projeto no teatro, Virginia. A montagem, que já passou por temporadas de sucesso e em São Paulo e Belo Horizonte, é o resultado dos vários atravessamentos que Virginia Woolf (1882-1941) provocou em Claudia Abreu ao longo de sua trajetória. A vida e a obra da autora inglesa são os motores de criação deste espetáculo, fruto de um longo processo de pesquisa e experimentação que durou mais de cinco anos. Primeiro monólogo da carreira da atriz, o solo marca ainda a sua estreia na dramaturgia e o retorno da parceria com Amir Haddad, que a dirigiu em ‘Noite de Reis’ (1997). O projeto conta com a co-direção de Malu Valle. As apresentações no RS iniciam por Santa Cruz do Sul na terça-feira, 04 de outubro, às 20h30 no Teatro Mauá. Em Santa Maria, a performance ocorre no Theatro Treze de Maio, na quinta-feira, dia 06. Encerrando a circulação pelo RS, Claudia sobe ao palco do Theatro São Pedro no sábado e domingo, dias 08 e 09. Os ingressos custam entre R$ 30,00 e R$ 100,00 em Santa Cruz e  R$ 60,00 e R$ 120,00 em Santa Maria, à venda pela plataforma Sympla. Em Porto Alegre, as entradas estão à venda pelo site do teatro com valores entre R$ 20,00 e R$ 100,00.

A relação de Claudia com Virginia Woolf começa em ‘Orlando’, montagem assinada por Bia Lessa, em 1989. Aos 18 anos, ela travou contato inicial com a escritora de clássicos como ‘Mrs Dalloway’, ‘Ao Farol’ e ‘As Ondas’. No entanto, somente em 2016, com a indicação de uma professora de literatura, que a atriz reencontrou e mergulhou de cabeça no universo da autora. Após ler e reler alguns livros, incluindo as memórias, biografias e diários, a vontade de escrever sobre Virginia falou mais alto.

‘Eu me apaixonei por ela novamente. Fiquei fascinada ao perceber como uma pessoa conseguiu construir esta obra brilhante com tanto desequilíbrio, tragédias pessoais e problemas que teve na vida. Como ela conseguiu reunir os cacos?’, questiona a atriz, que enxerga Virginia também como um marco de maturidade em sua trajetória: ‘o texto também vem deste desejo de fazer algo que me toca, do que me interessa falar hoje. De falar do ser humano, sobre o que fazemos com as dores da existência, sobre as incertezas na criação artística, e também falar da condição da mulher ontem e hoje. Não poderia fazer uma personagem tão profunda sem a vivência pessoal e teatral que tenho hoje’, avalia.

A dramaturgia de Virginia foi concebida como inventário íntimo da vida da autora. Em seus últimos momentos, ela rememora acontecimentos marcantes em sua vida, a paixão pelo conhecimento, os momentos felizes com os queridos amigos do grupo intelectual de Bloomsbury, além de revelar afetos, dores e seu processo criativo. Em uma carta a escritora descreve o reencontro entre as duas:

“Minha querida Virginia,

Minha relação com sua literatura começou aos dezoito anos, quando encenei no teatro uma adaptação de seu romance “Orlando”. Como eu era muito jovem, talvez não tenha tido o entendimento total da profundidade da obra, mas me lembro de achá-la bastante moderna para a época em que foi escrita. Era surpreendente o questionamento simbólico acerca das questões de gênero ali presentes, principalmente por se tratar da primeira metade do século XX. Uma escritora avant la lettre.

Claudia Abreu Foto: Pablo Henriques

Meu reencontro com você, Virginia, aconteceu de maneira fulminante há alguns anos. Eu comecei a me aventurar na escrita e conheci uma professora de literatura que auxiliava escritores com seu olhar sofisticado, além de sugerir valiosas referências literárias. Divagando entre uma aula e outra, eu disse a ela que tinha vontade de escrever sobre uma história que tivesse uma fluência no tempo coexistente, eu queria que as personagens passeassem pelas várias fases da vida, que dialogassem com elas mesmas no passado, assim como no futuro.

Fluxo de consciência, essa era chave. Assim eu poderia viajar em todas as mentes, por todas as fases da existência E qual foi a minha surpresa? Você tinha revolucionado a literatura alternando os fluxos de consciência de forma brilhante!

Imaginei um encontro fictício nosso, quando lhe contaria impressões de minhas leituras, falaria de como sua sensível e aguda percepção da realidade me iluminava, o quanto sua personalidade extraordinariamente singular me inspirava Li suas biografias, seus diários, suas memórias E descobri algo que me parecia impossível sua vida era tão interessante quanto sua literatura Como sobreviveu, tendo os nervos tão frágeis, a tantas tragédias familiares, às depressões, às violações à sua sensibilidade? Ainda hoje me compadeço de suas angustiantes crises nervosas.

O desejo de reviver sua existência no teatro foi um processo natural.

Desde então, todos os caminhos me levaram a você, Virginia.

Passei os últimos anos dedicada à tarefa de tentar fazer um recorte potente e amoroso de sua vida

Espero que goste

Com carinho,

Cláudia”

 

A estrutura do texto de “Virginia” se apoia no recurso mais característico da literatura da escritora: a alternância de fluxos de consciência, capaz de ‘dar corpo’ às vozes reais ou fictícias, sempre presentes em sua mente.

‘Fazer o monólogo foi uma opção natural neste processo, pois todas as vozes estão dentro dela. Eu nunca quis estar sozinha, sempre gostei do jogo cênico com outros colegas, mas a personagem me impeliu para isso’, analisa Claudia, cujo processo de criação se desenvolveu a partir de uma série de improvisações solitárias que fez ao longo dos últimos anos, em especial durante o período pandêmico, já acompanhada por Amir Haddad.

A chegada de Amir ao projeto vem ao encontro do desejo de Claudia em encenar o seu próprio texto. ‘Ele tem como premissa a liberdade, permite que o ator seja o autor de sua escrita cênica, isso foi fundamental em todo o processo. O ator é um ser da oralidade, a maior parte do texto foi escrita também a partir do que eu improvisava de maneira espontânea e depois organizava como dramaturgia’, relata a atriz, que se aventurou na escrita pela primeira vez com o roteiro da série ‘Valentins’, em 2017, da qual também é co criadora.

Malu Valle, que assina a codireção da montagem, chegou no processo quando Amir se recuperava de covid e teve uma contribuição valiosa em Virginia com seu olhar feminino.

Virginia – Turnê RS

Santa Cruz do Sul, 04 de outubro, 20h30

Teatro Mauá – Rua Cristóvão Colombo, 366, Prédio 2, Higienópolis

Clique aqui para adquirir os Ingressos

 

Santa Maria, 06 de outubro, 20h

Theatro Treze de Maio – Praça Saldanha Marinho, s/n, Centro

Clique aqui para adquirir os Ingressos

Porto Alegre, 08 de outubro, 21h, 09 de outubro, 18h

Theatro São Pedro – Praça Marechal Deodoro, s/n

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VIRGINIA – FICHA TÉCNICA

Claudia Abreu Foto: Pablo Henriques

CLÁUDIA ABREU Idealização Dramaturgia Atuação

AMIR HADDAD Direção

MALU VALLE Codireção

MARCIA RUBIN Direção de Movimento

MARCELO OLINTO Figurinos

BETO BRUEL Iluminação

DANY ROLAND Trilha Sonora com colaboração de José Henrique Fonseca

BRUNA MORETI Operação de som

IGOR SANE Assistente de iluminação / operação de Luz

CAROLINA PINHEIRO Design gráfico

FOTOS Rogério Faissal, Pablo Henriques e José Henrique Fonseca

ASSESSORIA DE IMPRENSA LOCAL Bruna Paulin – Assessoria de Flor em Flor

PRODUÇÃO LOCAL Letícia Vieira – Primeira Fila Produções

PRODUÇÃO EXECUTIVA Carlos Chapeu

DADÁ MAIA Direção de Produção