Porto Alegre, quinta, 16 de maio de 2024
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Porto Alegre: Morre o fotógrafo Alfonso Abraham

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Alfonso Abraham seguiu os passos do pai na fotografia e nunca se separou da câmera. Foto: Arquivo pessoal

 

O fotógrafo Alfonso Abraham, faleceu aos 71 anos, nesta terça-feira, no Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre, vítima de um câncer. O velório acontece nesta quarta-feira (5/10), das 10h às 16h, no Cemitério João XXIII.

Em 2012, em um perfil publicado no site Coletiva.Net, a repórter Karen Vidaleti , mostrou  que a fotografia sempre fez parte da vida de Alfonso Abraham. Filho de José Abraham – reconhecido fotógrafo nos anos que vão de 1950 a 1970 e até hoje o mais premiado do Estado -, herdou do pai a profissão e o apelido: Espanhol. Foi no mesmo local, onde funcionava seu estúdio, que ainda menino, entre nove e 10 anos, revelou as primeiras fotografias. Natural de Barcelona, imigrou para o Brasil aos dois anos, quando o pai e a mãe, Maria Abraham Lhereux, deixaram a Espanha fugindo da ditadura que havia voltado a se instaurar no país, após a Guerra Civil. Alfonso, dedicou-se a registrar as belezas da capital gaúcha e as paisagens do Estado. Dizia que, “O dia em que eu não fotografo é muito chato”.

Alfonso  ganhou a primeira câmera aos 15 anos, uma Minolta. Naquele momento, no entanto, já tinha intimidade com o equipamento e chegava a substituir o pai em trabalhos, como a cobertura de casamentos. Em 1969, um convite de Assis Hoffmann o levou ao laboratório da Zero Hora e, mais tarde, à Folha da Manhã. Também teve passagens pela Focontexto, primeira agência de imagens brasileira, que produzia para diversos veículos do País, entre eles os jornais Estadão e Folha de S.Paulo. Ainda na década de 1970, viveu cerca de um ano e meio em Campo Grande, onde trabalhou como freelancer para os grupos Dirigente Rural e Visão, e editou a revista Campo Agropecuária, ao lado da primeira esposa – com quem teve os filhos Pablo e Julia – e de mais dois amigos.

 

Mercado Público Foto: Alfonso Abraham

Assis Hoffmann foi uma de suas inspirações profissionais, assim como o pai José Abraham, “pelo fantástico trabalho, e isto é dito não apenas por mim”, explicava. O ex-colega de laboratório em Zero Hora, Ricardo Chaves, o Kadão, e Erno Schneider – que, para Alfonso, registrou de forma única o brasileiro – também foram referências.  Sem esquecer, é claro, do “olhar do século”, Henri Cartier-Bresson.

Ao trabalhar na campanha do senador Pedro Simon, conheceu o mundo político. “Conheci e me engajei nessa área, que, até então, era desconhecida para mim”. Foi chefe do departamento fotográfico da Assembleia Legislativa, atuou junto ao governo de Germano Rigotto, de 2002 a 2004, mas sempre, paralelamente, administrou o próprio estúdio. “Nunca deixei de lado a herança profissional que meu pai me concedeu. Sempre dei continuidade ao trabalho dele”, frisa.

Alfonso acreditava na imagem como forma de valorização do objeto junto ao público, por isso apostou na fotografia para conscientizar a população. “Se tu mostras a beleza da natureza, por si só já promove um tipo de educação. Eu acho que esse é o grande papel do fotógrafo: educar os olhos. Educar a leitura visual é a nossa grande missão”.

Na trajetória, também editou dois livros e organizou dezenas de exposições. Em 2010, ao lado da esposa Diana Lauthert, montou o Café da Imprensa Livre, que funcionava no mesmo prédio da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) e tinha como proposta o estilo galeria. “A ideia era que ela cuidasse do café e eu, da galeria. Pensava: “Não vou mais precisar pedir espaço para ninguém. Agora eu vou ter a minha galeria”, recorda.

Alfonso acreditava na imagem como forma de valorização do objeto junto ao público, por isso apostou na fotografia para conscientizar a população. “Se tu mostras a beleza da natureza, por si só já promove um tipo de educação. Eu acho que esse é o grande papel do fotógrafo: educar os olhos. Educar a leitura visual é a nossa grande missão”.

 

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