Porto Alegre, quarta, 27 de novembro de 2024
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Fala de Bolsonaro sobre canibalismo entre indígenas gera indignação, diz líder yanomami, por Vinicius Sassine/Folha de São Paulo

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Presidente do conselho de saúde indígena afirma que prática não existe, e antropólogo vê delírio em frase resgatada na campanha. O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro - Adriano Machado - 4.out.22/Reuters

 

 

A afirmação do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre canibalismo entre indígenas na região de Surucucu, feita em 2016 e resgatada na disputa eleitoral em segundo turno, é mentirosa, repulsiva, ofensiva e causadora de indignação entre os indígenas. É o que afirma Júnior Yanomami, presidente do Condisi (Conselho Distrital de Saúde Indígena) dos Yanomami e Ye’kuana.

“Estou indignado, com raiva. Como um presidente que é candidato fala isso? Ele é uma pessoa que não conhece o Brasil. Meu povo não é canibal, não come humanos. Isso não existe nem nunca existiu, nem entre ancestrais”, diz Júnior à Folha.

O presidente do Condisi é da região de Surucucu, uma das maiores áreas da Terra Indígena Yanomami, na região de Alto Alegre (RR). Ali vivem 3,5 mil yanomamis, em 34 comunidades. O Exército tem um PEF (Pelotão Especial de Fronteira) na região.

O antropólogo Rogério Pateo, professor do Departamento de Antropologia e Arqueologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), morou em Surucucu por nove meses para um doutorado sobre os indígenas. O convívio com eles se dá desde 1998. Para Pateo, a referência de Bolsonaro é aos yanomami da região de Surucucu em Roraima.

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