Porto Alegre, sexta, 17 de maio de 2024
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Papa Francisco aprova o processo de beatificação de dom Helder Câmara, por Antonio Carlos Prado e Fernando Lavieri/Isto É

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Em um gesto simbólico de crítica a ditaduras em geral, o papa Francisco aprova o processo de beatificação de dom Hélder Câmara, o arcebispo brasileiro que foi perseguido pelo regime militar por lutar em defesa da democracia, dos pobres e direitos humanos. Dom Hélder e os humildes (ao lado) e com o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, primeiro presidente do período de exceção: perseguição implacável (Crédito:Divulgação/ UH/Folhapress)

 

 

Um fato não tem absolutamente nada a ver com o outro, mas às vezes o destino elabora, com meras coincidências, boas referências históricas. No Brasil, com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República, voltou-se a respirar ares democráticos e foi-se embora o risco de o País retroceder politicamente a uma ditadura militar. No Vaticano, o papa Francisco vem sendo uma ativa e combatente voz contra regimes totalitários. É com Lula aqui, e Francisco lá, que um líder religioso brasileiro de prestígio mundial na luta pelos direitos humanos e pela democracia política e social, falecido aos 90 anos em 1999, teve agora oficializada a abertura de seu processo de beatificação. Está colocada, assim, a feliz coincidência – e, no centro dela, encontra-se o cearense dom Hélder Câmara, um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. O anúncio de que o caminho a levá-lo ao estágio de beato e, posteriormente, ao de santo está aberto foi feito por dom Antônio Fernando Saburido, arcebispo de Olinda e Recife, mesma função que dom Hélder exerceu durante o regime de exceção instaurado no Brasil em 1964. Ele foi também bispo auxiliar do Rio de Janeiro.

De acordo com dom Saburido, tem inicio nesse momento do processo a chamada fase Romana, na qual o “Departamento das Causas dos Santos aguarda a nomeação de um relator que preparará o documento denominado Positivo”. Em palavras laicas é a reunião das provas colhidas a mostrarem que dom Hélder atravessou a vida em defesa dos desvalidos e da democracia enquanto lógica política para a Nação viver com dignidade. Após a beatificação, confirmada pelo papa Francisco, virá a canonização. Dom Saburido acrescentou que no 18º Congresso Eucarístico “os fiéis demonstraram enorme felicidade” em saber que um dos sacerdotes mais queridos do País logo se tornará santo. “Uma grande alegria encheu os corações e vamos rezar para que tenhamos, o quanto antes, a satisfação de ver dom Hélder santificado”, afirmou Saburido. E foi além: “dom Hélder merece o reconhecimento da Igreja Católica por suas virtudes e valores. Ele significou modelo de vida para todos nós”.

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