Comemora-se nesta quarta-feira (4) o Dia Mundial do Braille, o sistema que garantiu acesso à leitura e escrita às pessoas cegas ou com deficiência visual. A data foi estabelecida em 2018 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para homenagear o aniversário do criador do método, o francês Louis Braille (1809-1852) e destacar sua importância para a inclusão e desenvolvimento pessoal.
Em Canoas, o sistema de escrita e leitura tátil para as pessoas com deficiência visual é assegurado pela Prefeitura, que mantém uma impressora Braille. O equipamento faz a adaptação em Braille ou caracteres ampliados de todo o material didático para os alunos matriculados na Rede Municipal de Ensino, além da produção voltada à comunidade cega de Canoas, como a Bíblia, impressa em 2022.
A máquina fica instalada no Núcleo de Apoio Pedagógico e Produção Braille, o NAPPB Canoas, vinculado à Unidade de Inclusão da Secretaria da Educação e que funciona junto à sede da Associação de Deficientes Visuais de Canoas (Adevic), no bairro Mathias Velho.
Em parceria com o Município, a Associação oferece suporte em diversas áreas, desde o uso da informática e da acessibilidade até a preparação para ingresso no mercado de trabalho, incluindo estudantes de EJA e os que já concluíram o Ensino Fundamental. Atuante há 25 anos, a Adevic conta com 260 associados.
Inclusão e direitos
Conforme destaca o secretário municipal adjunto de Inclusão, Vitor Longaray, o atendimento oferecido pela Prefeitura através da contratualização dos serviços prestados representa a política pública de Canoas às pessoas cegas e com baixa visão. “O Braille mudou a vida de muitas pessoas cegas no mundo e em Canoas não é diferente. Ler e escrever é um direito de todos e sistematizar a produção de livros para esse grupo da sociedade é um dever do poder público. Embora as novas tecnologias venham sendo cada vez mais utilizadas, o Braille é o principal recurso para a educação e inclusão”, afirma.
O equipamento converte qualquer material impresso em tinta para sinais gravados em relevos, que permitem o registro de letras, números e qualquer outro tipo de símbolo necessário para a comunicação. Cada página em tinta corresponde a cerca de três páginas em Braille; um sistema de combinação de seis pontos, que formam 63 caracteres em relevo.
Rede Municipal de Ensino
Alfabetizado em Braille, o canoense Leonardo dos Santos Oliveira, jogador de futebol no time da Associação Gaúcha de Futebol de Cegos (Agafuc), atualmente utiliza mais as tecnologias disponíveis nos dispositivos eletrônicos, mas o sistema ainda é essencial em sua rotina. “Utilizo o Braille para a locomoção no passeio público, para consultar informações nas caixas de remédios, nos elevadores e até mesmo nas marcas de café e produtos de higiene que utilizo”, conta o atleta.
A Rede Municipal de Ensino teve 18 alunos com deficiência visual em 2022 e, até o momento, 15 permanecem matriculados para o ano letivo de 2023. Todas as 44 escolas de ensino fundamental contam com Sala de Recursos, lotadas com professores de atendimento educacional especializado. Compõem a rede ainda dois Centros de Educação Inclusiva e Acessibilidade (CEIA).
Louis Braille
O sistema foi criado pelo jovem francês Louis Braille, que ficou cego após um um acidente na infância, enquanto brincava com as ferramentas de seu pai. Aos 12 anos, em 1821, ele conheceu o oficial francês que foi a sua escola para apresentar um código desenvolvido, a pedido de Napoleão Bonaparte, para que os soldados franceses pudessem ler as ordens recebidas no escuro, conhecido como “escrita noturna”. Braille aperfeiçoou o método e, em 1824, o apresentou à escola, que passou a ensiná-lo somente dois anos após sua morte, em 1852. O Braille chegou ao Brasil em 1854, por meio do estudante José Álvares de Azevedo.