O caso Americanas (AMER3) é um duro golpe ao modelo de gestão da 3G Capital, que já vinha sofrendo ao longo dos últimos anos. O trio Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira é dono de uma fortuna somada de R$ 180 bilhões. Como donos de Ambev, AB Inbev, Kraft-Heinz e Burger King se tornou uma referência internacional. “É um mito sendo desconstruído”, destaca Alexandre Di Miceli, a respeito da filosofia do trio. Apesar de o episódio ser ruim para o mercado brasileiro no curto prazo, a expectativa do especialista é que, no longo prazo, os efeitos sejam positivos.
O rombo de R$ 20 bilhões da Americanas se soma a outros dois episódios em empresas do t rio: os ajustes de US$ 15 bilhões no balanço da Kraft-Heinz, em 2019, e a republicação dos balanços de 2013 e 2014 da ALL pela Cosan. Se antes havia questionamentos sobre a capacidade de gestão, para além da eficiência de custos, agora o novo escândalo atinge em cheio os valores meritocráticos tão propagados pelo trio.
“O modelo 3G não tem nada de original. Ele é um amálgama, uma cópia de práticas de outras empresas. E essas companhias todas tiveram problemas graves”, enfatiza Di Miceli. Di Miceli é um dos principais estudiosos de boas práticas de governança corporativa do Brasil e, nos últimos vinte anos, se dedicou também a esmiuçar a cultura Ambev. Fundou a Virtuous Company Management e atua como consultor de companhias. PhD em administração de empresas com foco em governança corporativa pela USP, foi professor da casa por mais de uma década. Em 2016, em seu livro “Ética empresarial na prática”, já era crítico e questionador dos valores do trio antes dos problemas virem à tona.
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