Porto Alegre, quarta, 27 de novembro de 2024
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Insegurança jurídica vai frear a economia brasileira. Decisões recentes criam grave incerteza no empresariado

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Presidente Gilberto Porcello Petry analisa a redução de 0,5 ponto percentual na taxa de juros. Foto: Dudu Leal

 

 

“Desde o início do ano, o empresariado vem sofrendo o impacto negativo de medidas que violam os direitos dos contribuintes até então vigentes. Essas mudanças geram insegurança jurídica, desestimulando os planos operacionais e de expansão das empresas, prevendo-se uma onda de estagnação dos investimentos privados”. A afirmação é do presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), Gilberto Porcello Petry, ao avaliar a recente decisão do Supremo Tribunal Federal, que decidiu pôr fim ao princípio constitucional do trânsito em julgado nas matérias tributárias.

Tudo começou com a medida de alterar as decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, quando o empate dos votos dos conselheiros recaía favoravelmente ao contribuinte, e o Governo Federal pretende alterar para que a vitória seja da Receita Federal. “O empate em processos tributários mostra que a legislação não é clara, a ponto de o contribuinte questioná-la. Então, o certo seria passar a limpo as regras tributárias a fim de evitar dúvidas e discussões administrativas ou judiciais. Mas o Governo prefere o caminho mais simples, de dar ganho de causa a ele mesmo quando houver empate”, assinala Petry.

A essa questão inusitada, soma-se a decisão do STF no sentido de que os efeitos de uma sentença definitiva, ou seja, transitada em julgado, perde seus efeitos quando há julgamento contrário por este tribunal. Em síntese, trata-se da quebra automática de decisões definitivas no caso de novo entendimento sobre a validade da cobrança de impostos. Assim, qualquer decisão tributária a favor do contribuinte, inclusive Pessoa Física, pode ser revista. “Parece que o STF quer mudar até o passado, trazendo incerteza à economia e fazendo com que os projetos das empresas sejam engavetados, pois não há como calcular o custo tributário de um novo produto, por exemplo, se tudo pode mudar a qualquer tempo. Se a insegurança jurídica permanecer assim, a economia nacional vai frear, com graves prejuízos sociais”, alerta o presidente da FIERGS. Para ele, seria prudente que o Governo e o Judiciário deixassem o Congresso Nacional formatar e decidir a tão almejada Reforma Tributária ainda este ano.