Porto Alegre, segunda, 30 de setembro de 2024
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A árdua tarefa de ser mãe e agricultora, por Nereida Vergara/Correio do Povo

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Menos favorecidas com redes de apoio que as trabalhadoras urbanas, as produtoras rurais, especialmente da agricultura familiar, usam a criatividade e a resiliência para conciliar trabalho na roça e cuidado com os filhos

 

 

Criar filhos, seja no campo ou na cidade, é o maior de todos os desafios. Enquanto a cidade oferece possibilidades de suporte à vida das mães que trabalham – como creches e escolas em tempo integral, ou uma rede de apoio com familiares e amigos –, tem seus problemas com segurança e limitações à liberdade de crescimento da criança. No campo, a qualidade de vida é considerada superior e a chance de uma infância mais divertida, em contato com a natureza, realmente se multiplica. Mas a vida das mães rurais não é fácil. Para se ter uma ideia, apenas a partir de 1994 é que as agricultores que comprovassem atividade laboral passaram a ter direito à licença maternidade remunerada, benefício concedido às trabalhadoras urbanas no Brasil desde 1943. Via de regra, as mães agricultoras se equilibram numa rotina pesada, que inclui lavoura, trato com animais, cuidados com a casa e atenção aos filhos em comunidades que, muitas vezes, não possuem alternativas de atendimento às crianças pequenas.

Diretora da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag) e coordenadora estadual da comissão de mulheres da entidade, Maribel Moreira define a mãe agricultora como muito corajosa, muitas vezes sobrecarregada e que precisa de criatividade para dar conta de tudo. Maribel diz que a sobrecarga foi evidenciada com a pandemia, quando as mulheres precisaram tratar da comercialização dos produtos da família e foram atrás de compreender os mecanismos de venda digital e tiveram de manter os filhos em casa exercendo o papel de professoras nas aulas, que passaram a ser on-line. “Hoje, temos um número significativo de agricultoras com o Ensino Médio completo, mas ainda há muitas regiões onde a escolaridade é baixa. Aí você imagina que, para ajudar os filhos elas ainda tiveram de ser pesquisadoras e aprender o que não tiveram a oportunidade. Sim, a maternidade exige muito, da agricultora ainda mais”, comenta.

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