O Brasil voltou, estamparam diversos jornais estrangeiros no final de 2022, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. A frase havia sido dita pelo próprio em novembro na COP27, no Egito, e nas semanas seguintes serviu como uma luva para diplomatas e analistas resumirem a expectativa de reinserção internacional do país, após anos de relações difíceis da gestão Jair Bolsonaro com democracias liberais do Ocidente.
Mas qual Brasil voltaria ao palco internacional ainda era, àquela época, uma imagem pouco clara – turvada pelo guarda-chuva abrangente de defesa da democracia, que marcou a campanha do petista, e pela alta expectativa de agentes políticos do Ocidente, que já conheciam Lula de seus governos anteriores e ansiavam por um aliado confiável na América Latina para ajudar a resolver problemas globais, como a mudança climática e a ameaça da ultradireita.
Seis meses após a posse do petista, que incluíram visitas suas a 12 países, a imagem está mais nítida.
O Brasil que voltou não é um aliado de toda hora do Ocidente, e isso ficou especialmente claro em declarações e ações de Lula sobre a guerra na Ucrânia, um evento histórico que renovou a importância da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e foi definido como uma virada de época pelo chanceler federal alemão, Olaf Scholz.
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