Em palestra realizada na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) na tarde desta sexta-feira, com o tema O Brasil na Rota do Desenvolvimento Econômico e Social, o vice-presidente da República Geraldo Alckmin afirmou que a Reforma Tributária, que simplifica o sistema de arrecadação de impostos, vai fazer justiça ao setor industrial, responsável por 11% do PIB brasileiro, mas que é taxado em mais de 30%. Alckmin foi recebido pelo presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry, e pela manhã esteve em Passo Fundo na assinatura do termo de compromisso da nova usina de etanol da empresa Be8.
Alckmin destacou alguns motivos que o fazem otimista com o futuro e a retomada da economia do País. Um dos fatores é o câmbio, com o dólar competitivo por volta de R$ 4,40 e R$ 4,50. Além disso, ressaltou, os juros começaram a cair, o que deve continuar acontecendo nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). “Não há razão para a taxa de juro nesse patamar, tira a competitividade”, disse. O vice-presidente crê na possibilidade de o acordo Mercosul União Europeia finalmente ser finalizado, e prega também uma maior aproximação comercial regional, entre países latino-americanos. Citou como exemplo Estados Unidos, Canadá e México, vizinhos que mantêm 50% do comércio entre eles, enquanto em países da América Latina esse percentual é de apenas 26%.
O maior desenvolvimento econômico e social do país também passa pelo fator logístico, destaca Geraldo Alckmin. Sendo o Brasil a quinta nação do mundo em extensão territorial, ele entende que é preciso ampliar os investimentos em hidrovias, ferrovias e cabotagem, por exemplo. Alckmin comentou também que o PAC a ser lançado pelo governo em 11 de agosto terá R$ 60 bilhões em investimentos públicos por ano, mas privilegiará igualmente as concessões públicas e Parcerias Público Privadas (PPPs).
Em relação a questões trabalhistas, o vice-presidente assegurou que “ninguém vai mexer na reforma trabalhista” e defendeu desoneração de folha para as empresas, além de uma maior desburocratização. Alckmin comemorou o que ele considera um sucesso absoluto, que foi o programa de incentivo à indústria automobilística. “Foi feito inicialmente para veículos leves, levando em consideração o critério social, – carros mais baratos -, ambiental, de menor poluição, e considerou a densidade industrial”, disse, informando que o mesmo deverá ser feito em breve para a linha branca.
O presidente da FIERGS aproveitou a presença do vice-presidente da República no Rio Grande do Sul para ponderar sobre três questões que considera importantes, pois interferem na rota do desenvolvimento brasileiro. “A primeira delas é a concorrência injusta imposta pela Zona Franca de Manaus a diversos segmentos industriais. No contexto atual, há diferenças superiores a 20% entre produtos que ‘seriam fabricados’ na Zona Franca e nas fábricas localizadas em outros Estados. Não é aceitável que se incentive a concorrência desleal no território brasileiro”, pontuou Gilberto Petry.
Uma outra preocupação a ser equacionada, diz ele, é a respeito da competição das plataformas internacionais de comércio eletrônico. “Não é justo que a indústria e o comércio sejam tributados e os seus competidores internacionais fiquem isentos. Não é compreensível que se criem empregos no exterior em vez de gerar oportunidades para a nossa sociedade”, disse. O terceiro ponto, de acordo com o presidente da FIERGS, é a convicção de que não se pode perder os avanços conquistados na Modernização Trabalhista. “É fundamental que o Brasil não retroceda para evitar que sua economia seja excluída dos rankings internacionais por falta de competitividade”, salientou.
O governador Eduardo Leite pediu, além de investimentos do Governo Federal, também uma maior atenção com o Rio Grande do Sul na questão da dívida com a União, “para ajudar com a nossa própria capacidade de investimento”.
Já o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, afirmou que chegou a hora de construir uma nova pauta de infraestrutura para o Rio Grande do Sul, o que não significa que algumas das prioridades atuais, como a duplicação da BR 290 até Pântano Grande, não serão contempladas. “O Estado tem um enorme potencial hidrográfico”, observou, citando a dragagem do Rio Jacuí e a navegação na Lagoa Mirim como outros projetos fundamentais para o RS.
PASSO FUNDO – Geraldo Alckmin, que também é ministro da Indústria e Comércio, participou pela manhã da assinatura do termo de compromisso da nova usina de etanol da empresa Be8, em Passo Fundo. Primeira usina de etanol em larga escala do Estado, a unidade terá capacidade para suprir 25% da demanda estadual por etanol, com a conclusão prevista para 2025. Alckmin esteve acompanhado do governador Leite e de empresários, entre eles Gilberto Porcello Petry.