Porto Alegre, quinta, 28 de novembro de 2024
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MERCADO VAI ERRAR, DE NOVO… , POR ANDRÉ PERFEITO

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© José Cruz/Agência Brasil/Arquivo

Foi divulgado na manhã de hoje o Relatório FOCUS com as projeções do economistas e a impressão que se tem é que de fato a Faria Lima perdeu o compasso mais uma vez. No ano passado o mercado financeiro errou no início do ano ao apostar em SELIC elevada por muito tempo e para corrigir o erro “virou a mão” para um otimismo exagerado.

Não foi raro ver economistas do mercado financeiro falando em 8% de SELIC terminal em 2024 ao final do ano passado.

Erraram de novo.

Agora irão errar a mão mais uma vez ao projetar SELIC em 10,25% ao final deste ano e o motivo não tem nada a ver com a situação fiscal do Brasil ou a uma pretensa menor credibilidade do BCB. Não. O motivo é externo.

Ao projetar 10,25% o mercado está falando que haverá apenas mais um corte e acabou o ciclo. Agora imagina se de fato os EUA iniciarem um corte dos juros no segundo semestre. Como você acha que ficará o clima na Faria Lima?

Não é difícil imaginar o que vai ocorrer:

1-) com os juros caindo nos EUA o dólar irá se enfraquecer e o Real mais forte irá segurar por dentro dos modelos a inflação.

2-) sobre o dólar vale registrar que mais uma vez este mesmo FOCUS elevou as projeções para a Balança Comercial de 2024, ou seja, mais dólar entrando.

3-) como os juros curtos não podendo se alterar porque o COPOM se amarrou num corte menor (e agora os 5 diretores que votaram por 25 pontos terão que se manter nessa posição) o efeito vai ser os juros longos caindo.

4-) com juros longos em queda e queda dos juros nos EUA o efeito será alta da bolsa por aqui.

O problema é que se criou um pânico fiscalista no Brasil que me parece muito exagerado. Se é verdade que o Brasil vai crescer mais que se projetava também é verdade que vai se arrecadar mais que se projetava tornando a equação fiscal menos dramática.

Não sou nem eu falando isso, são as agências de classificação de risco.

André Perfeito / Economista

O fato da diretoria do BCB ter rachado não é um problema em si, faz parte do jogo, mas o que está na mesa é outra coisa: vozes dispersas querem fazer crer que esse racha é uma luta entre cristãos e mouros pela terra santa onde um grupo é mais “puro” que o outro, o que simplesmente não é verdade.

Esse radicalismo irá bater de frente com a realidade dos juros mais baixos nos EUA e não serão poucos que irão dizer que era melhor ter cortado mais a SELIC, os mesmos que hoje dizem não haver espaço para mais cortes.

Chega a ser tedioso de tão regular que esse “raciocínio” toma de assalto as mesas de operações de tempos em tempos.