As enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul em maio estão exercendo influência na percepção dos executivos de finanças gaúchos em relação ao cenário de negócios do Estado. Esta é uma das principais conclusões extraídas da segunda edição do iCFin – Índice de Confiança de Executivos de Finanças, pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças Rio Grande do Sul (IBEF-RS) e pela Unisinos/Escola de Gestão e Negócios (EGN).
Embora mantenham praticamente o mesmo nível de otimismo sobre as perspectivas de desempenho de seus próprios negócios e setores para o restante do ano, os entrevistados se mostram, em contrapartida, ainda mais pessimistas no que se refere aos cenários econômico e político do que na primeira edição do iCFin, lançada no final de 2023. O índice geral ficou em -0,16, o que denota uma leve queda de -0,25 na confiança dos executivos financeiros comparado com os 0,09 da primeira avaliação, quando este indicador foi considerado quase neutro.
Os entrevistados registraram como a maior preocupação o ambiente político, que teve uma confiança negativa de -2,97 para o máximo de -5,0. Em relação à perspectiva da economia, o resultado também apresentou queda: -1,81. A maior confiança dos executivos de finanças gaúchos está na própria empresa em que atuam, com expectativa favorável de 2,16, e no setor da própria empresa, com 2.
“Pelo conjunto de respostas e olhando para as expectativas do semestre passado, percebe-se uma relativa estabilidade da percepção em relação aos negócios futuros, enquanto o índice de confiança apresentou uma pequena piora, provavelmente captando o reflexo de estarmos ainda iniciando o processo de superação da crise das enchentes”, analisa Tulia Brugali, Vice-Presidente do IBEF-RS e uma das responsáveis pela pesquisa.
Com perfil de respondentes de nível executivo ou superior e predomínio do sexo masculino (56% homens e 29% mulheres), a pesquisa também traz como conclusões que há menor otimismo em relação à economia nacional. “Isso pode ser atribuído, em parte, ao debate em relação à taxa de juros e ao déficit público impactando os gestores financeiros”, considera Odivan Cargnin, Presidente do IBEF-RS.
Impacto das enchentes
Seja direta ou indiretamente, as enchentes provocadas pelas fortes chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul no mês de maio, naquela que foi a maior catástrofe natural do Estado, influíram na percepção dos respondentes do ICFin. Embora as empresas dos participantes da pesquisa tenham sido pouco e indiretamente afetadas, a comunidade e empregados mostraram-se de mediana a altamente atingidos. O impacto direto à comunidade corresponde a quase 80%, enquanto que para clientes e empregados este percentual ficou em 60%.
“A leitura do impacto da enchente surpreende pela baixa implicação na infraestrutura das empresas, o que pode ser entendido como um sinal muito positivo para este período de reconstrução econômica que estamos vivendo”, diz Tulia. Por outro lado, atenta a Vice-Presidente do IBEF-RS, confirmou-se o alto impacto nas famílias e na comunidade, como pode ser visto amplamente nos noticiários em todo o Brasil.
Conforme Tulia, a recuperação do Estado deve ser longa e atingirá de forma imediata o consumo. “De maneira geral, os impactos das enchentes foram muito severos direta e indiretamente em relação a aspectos financeiros, humanos e emocionais. Ainda é muito cedo para prever as consequências a médio e longo prazos”, completa.
Investimentos
No que se refere a fontes de investimento, o ICFin destaca que aumentou a busca por operações estruturadas em detrimentos aos modelos tradicionais. “A maior surpresa da pesquisa está na intenção de avançar a forma de financiamento através de operações estruturadas, que deram um salto, passando de 20,5% para 37,7%, superando o tradicional financiamento bancário”, avalia Tulia.
No mesmo tema, os fatores Inflação e Câmbio não tiveram praticamente alteração em seus índices anteriores na hora de determinarem aportes. A novidade positiva foi a de que houve redução da dispersão entre a taxa máxima e mínima esperada para as variáveis Selic e Dólar, o que indica uma menor percepção de volatilidade na economia brasileira para os próximos meses. O foco nos investimentos, contudo, mantem-se relativamente estável na aposta em modernização tecnológica.
“Já em nossa primeira edição do ICFin, conseguimos que esta pesquisa se tornasse uma informação útil para associados e comunidade empresarial”, explica Odivan Cargnin. “Índices de confiança como este podem ser utilizados para entender quais são as expectativas dos agentes em relação à atividade econômica, resultando em um importante indicador macroeconômico, e nossa pesquisa reflete o que o mercado de finanças e de negócios do Rio Grande do Sul está pensando”, observa. “A parceria com a Unisinos é fundamental para que tenhamos dados fidedignos e, por isso, confiáveis, apresentando um material que serve para as tomadas de decisões de setores provado e pública”, completa Cargnin.
Sobre a pesquisa
A publicação traz um índice que capta a expectativa dos executivos financeiros sobre perspectivas futuras do ambiente de negócios no Rio Grande do Sul. Baseado em pesquisas sobre índices similares investigados em outras regiões do Brasil e em outros países, o iCFin tem como responsáveis técnicos o professor de Estratégia e Governança dos PPGs de Ciências Contábeis e de Engenharia de Produção da Unisinos, Dr. Carlos A. Diehl, e Dr. João Zani, professor de Finanças e Governança PPG de Ciências Contábeis EGN da universidade.
O ICFin tem como objetivo mostrar a confiança dos executivos de finanças gaúchos quanto ao desempenho do País e dos negócios nos próximos 12 meses. A escala vai de -5 a 5 pontos, sendo +5 a máxima confiança e -5 total falta de confiança. O estudo evidencia ainda a percepção dos executivos de finanças com relação a itens com PIB, inflação, Juros e Câmbio e Perspectivas de Investimentos e Fontes de Financiamento.
Confira alguns dos principais resultados da 2ª edição do ICFin:
Sobre o IBEF-RS
O Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças é uma instituição nacional criada em 1971, sem fins lucrativos, que reúne os principais executivos de finanças do País. No Rio Grande do Sul foi criado em 1988, tendo como objetivo principal fomentar informações sobre mercado, carreira, tendências, tecnologias e perspectivas, por meio de fóruns, eventos, webinars e premiações. Conta, ainda, com o IBEF-RS Mulher, além de três comitês: Mercado de Capitais, Tributário e Controladoria, Tesouraria e Risco.