Porto Alegre, quarta, 27 de novembro de 2024
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Produção e emprego crescem, mas falta de trabalhador qualificado prejudica indústria gaúcha. Sondagem da FIERGS mostra que problema de falta de profissionais qualificados atingiu maior percentual desde 2014

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“Após a rápida recuperação das enchentes de maio, os resultados da pesquisa mostram que o setor retomou o comportamento instável, sem uma tendência definida, que exibia no início do ano antes da calamidade climática”, diz o presidente da FIERGS, Claudio Bier. Foto: Dudu Leal
Mesmo com a carga tributária elevada, a demanda interna insuficiente e a falta ou alto custo do trabalhador qualificado como obstáculos, a produção e o emprego cresceram na indústria gaúcha, em setembro, na relação com agosto. O resultado está na pesquisa Sondagem Industrial, divulgada nesta segunda-feira (4) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS). O índice de evolução da produção registrou 50,4 pontos, mostrando a terceira alta seguida e a menos intensa delas, quase uma estabilidade, bem abaixo de agosto (55,9) mas acima da média do mês desde 2010 (48,3 pontos). “Dado que, historicamente, a produção tende a cair no período, o resultado de setembro ganha importância, o que ajuda bastante no processo de recuperação da indústria e do estado que necessitamos após as enchentes”, diz o presidente da FIERGS, Claudio Bier.
Também o ritmo da expansão do emprego, a terceira consecutiva, desacelerou em setembro, mas foi melhor do que a queda sugerida nesse período ao longo dos anos. O índice do número de empregados foi de 51,7 pontos, em setembro, abaixo dos 53,3 pontos de agosto, mas acima dos 49,5 pontos da média histórica do mês. Os índices variam de zero a cem pontos, valores acima de 50 indicam crescimento.
A pesquisa da FIERGS mostrou ainda que o setor esteve um pouco mais ocioso em setembro, na comparação com o mês anterior, em linha, porém, com o padrão do período. O percentual médio de utilização da capacidade instalada-UCI caiu para 71%, ante 73% de agosto. Apesar disso, a UCI ficou na média histórica do mês de setembro, que é de 71,1%. Os empresários, porém, a consideram abaixo do normal: o índice de UCI usual fechou setembro em 45,3 pontos, frente a 46 de agosto. Os 50 pontos, nesse caso, indicam o nível normal de UCI para o mês e quanto mais abaixo dessa marca mais distante do usual.
Os estoques de produtos finais permanecem abaixo do planejado pela indústria, aponta a Sondagem. O índice de evolução no mês ficou em 48,2
pontos, mostrando redução dos estoques em relação a agosto. Já o índice de estoque planejado registrou 48,5. O nível se encontra abaixo do desejado pelas empresas, que continuam com dificuldade de repor os estoques, há cinco meses abaixo do planejado. O resultado sugere para uma expansão da produção industrial nos próximos meses.
PROBLEMAS – A Sondagem também revela os principais problemas enfrentados pela indústria gaúcha e as duas primeiras posições do ranking no terceiro trimestre ficaram inalteradas frente ao do segundo. A elevada carga tributária segue como o principal obstáculo, apontada por 34% dos empresários, percentual 2,1 ponto maior do que no trimestre anterior. A demanda interna insuficiente, 28,3% das respostas, manteve o segundo lugar, mas perdeu três pontos percentuais na comparação com o segundo trimestre.
Já a falta ou o alto custo do trabalhador qualificado ganhou muita relevância na passagem do segundo para o terceiro trimestre. Tornou-se o terceiro maior problema do setor, com 27% das assinalações, o maior percentual desde o primeiro trimestre de 2014. Era o quinto no trimestre anterior, com 17,8%.
No sentido inverso, no mesmo período, as dificuldades na logística de transporte perderam grande importância, deixando o terceiro lugar (28,8%) e ocupando somente o nono, com 15,1% das citações. Porém, o percentual ainda está bem acima da média histórica de 9,6%, mostrando que os impactos das enchentes de maio ainda não foram totalmente superados.
No terceiro trimestre, os empresários gaúchos continuaram a mostrar insatisfação com a situação financeira da empresa, assim como com a margem de lucro. A avaliação negativa, contudo, diminuiu na comparação com o trimestre anterior. Os índices de satisfação cresceram ante o segundo trimestre, mas continuaram abaixo dos 50 pontos no terceiro: condições financeiras pulou para 49,5 pontos (+2,5) e margem de lucro, para 43,9 (+3,4).
Com relação aos próximos seis meses, o otimismo ficou menor e menos disseminado pela indústria na pesquisa realizada entre 1º e 10 de outubro com 159 empresas, 36 pequenas, 57 médias e 66 grandes. Todos os índices de expectativa, com exceção das exportações, permaneceram no terreno positivo, mas voltaram a cair, interrompendo a trajetória de retomada dos quatro meses anteriores. O índice de expectativa para demanda registrou o maior valor em outubro: 55,3 pontos, mas com uma redução de 1,3 ponto em comparação ao mês anterior. Já o de quantidade exportada mostrou a maior queda (-2,7 pontos) e o menor valor, 49,9. As expectativas dos empresários também são de aumento para as compras de matérias-primas (55,8 para 53,3 pontos) e para o emprego (53,6 para 52,1 pontos).
Diante dessa maior cautela, os empresários gaúchos mostram menos disposição de investir nos próximos seis meses. Após duas altas seguidas, o índice de intenção caiu 1,8 ponto na comparação com setembro, atingindo 56,2. Porém, continua 4,7 acima da média histórica. No mês passado, 60,3% das empresas se mostravam propensas a realizar investimentos nos seis meses seguintes.