Pode ser conferida gratuitamente no Instituto Ling até este sábado, dia 25 de janeiro, a obra Sãnyky, criada pela artista visual indígena Sãnipã, do Povo Apurinã, na parede de entrada do centro cultural. O mural de grandes dimensões, que ocupa um espaço com 6m de largura e quase 3m de altura, é o maior já feito pela artista amazonense e retrata a seca histórica e as queimadas que atingiram o seu Estado em 2024. A visitação pode ser feita diariamente, das 10h30 às 20h, com entrada franca.
A protagonista do trabalho é Sãnyky, deusa da mitologia do Povo Apurinã, protetora da natureza, que aparece quando é necessário restaurar o equilíbrio da Terra. Também estão na pintura diversos elementos que reforçam a cultura da aldeia de Sãnipã, como uma castanheira, árvore responsável por nutrir o seu povo, além de animais como a anta e o tamanduá-bandeira.
A obra levou cinco dias para ser finalizada e pode ser acompanhada em tempo real por quem passou pelo Instituto Ling no último mês de novembro. “Primeiro coloquei o amarelo, que é uma cor que eu gosto muito, e depois fui fazendo os traçados vermelhos, que simbolizam o fogo ou a queimada. Assim estou retratando um pouco do que aconteceu com a gente lá no nosso município de Lábrea: nossos rios secaram totalmente e faltou alimento, já que era ali onde pegávamos nossos peixes”, conta Sãnipã. Os detalhes da produção podem ser conferidos em um documentário, assinado pela produtora Eroica Conteúdo, disponível no canal do YouTube do Instituto Ling.
A criação faz parte do Ling Apresenta: Amazônias, no tremor das vidas, projeto com curadoria de Vânia Leal, que tem o objetivo de aproximar o Rio Grande do Sul da cultura amazônica, convidando jovens talentos do Norte do país a criarem trabalhos inéditos no centro cultural. Quem abriu a programação, em abril de 2024, foi a artista visual paraense Bárbara Savannah, com um mural que trouxe referências do seu cotidiano na Ilha do Marajó. Depois, o projeto recebeu, em setembro, o também paraense Éder Oliveira, que investiga a relação entre retrato e identidade, tendo como foco o homem amazônico. O projeto ainda receberá, a partir do próximo dia 3 de fevereiro, o último artista convidado desta edição: o paraense Bonikta (Caio Aguiar).
Mais sobre a artista
Sãnipã tem se destacado em exposições nacionais e internacionais, dando voz às culturas originárias em um contexto contemporâneo. Na 15ª Bienal Naïfs do Brasil, recebeu o prêmio Destaque-Aquisição, com a obra Totem Apurinã Kamadeni, adquirida pelo Acervo Sesc, sendo a primeira mulher indígena amazonense na coleção. Suas principais exposições incluem Nipetirã, O Sopro Tribal sobre Outros Olhares, na Galeria do Largo; Amazônia Sou Eu!, em Nova Iorque; e a individual Dança Sagrada do Povo Apurinã, no Museu Amazônico. Também foi selecionada pela curadoria do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) para compor a coletiva Histórias da Dança em 2020, com a obra Dança e Mito. Foi uma das mulheres indígenas amazonenses em destaque com quatro obras suas na 1ª Bienal das Amazônias, em Belém, no ano de 2023.
Sobre a curadora
Vânia Leal Machado nasceu em Macapá, no Amapá, e vive e trabalha em Belém, no Pará. É mestre em Comunicação, Linguagem e Cultura e atua na área de curadoria e pesquisa em Artes, tendo participado de júris de seleção e premiação e organizações de salões. Foi curadora educacional do projeto Arte Pará e fez a curadoria de exposições como Mastarel: Rotas Imaginais (2019), de Elaine Arruda, no Banco da Amazônia; Tecidos de Certeza (2019), de Elisa Arruda, na Galeria Elf; Coleção Eduardo Vasconcelos (2021), nas Galerias Theodoro Braga e Benedicto Nunes no Centur; A Inversão do cotidiano (2022), de Elisa Arruda, na Galeria Ruy Meira; Nhe Amba (2022), de Xadalu Tupã Jekupe, no SESC Paraty; e Gravado na Alma (2023), de Eduardo Vasconcelos, no Banco da Amazônia. Também foi curadora da primeira Bienal das Amazônias em 2022-2023. Atualmente, é diretora de projetos da Bienal das Amazônias e faz parte do grupo de crítica do Centro Cultural São Paulo.
A programação é uma realização do Instituto Ling e do Ministério da Cultura/Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.
SERVIÇO
Ling apresenta: Sãnipã, com intervenção artística inédita
Amazônias, no tremor das vidas
Obra: Sãnyky
Artista: Sãnipã
Curadoria: Vânia Leal
Até dia 25 de janeiro, com visitação de segunda a sábado, das 10h30 às 20h
Instituto Ling (Rua João Caetano, 440 – Três Figueiras – Porto Alegre/RS)
Entrada franca
Informações úteis
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Fone: 51 3533-5700