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Entidades gaúchas cobram respostas do governo federal após enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024

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Audiência pública para debater o assunto foi realizada nesta quarta-feira (7) na Comissão Externa sobre Danos Causados pelas Enchentes no Rio Grande do Sul, da Câmara dos Deputados

Um ano após as enchentes que devastaram diversas regiões do Rio Grande do Sul, representantes de entidades empresariais, agropecuárias e parlamentares cobraram nesta quarta-feira (7) mais efetividade nas ações do governo federal. A audiência pública, promovida pela Comissão Externa sobre Danos Causados pelas Enchentes no Rio Grande do Sul, coordenada pelo deputado federal Marcel van Hattem (NOVO-RS) e com o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) na relatoria, reuniu relatos contundentes sobre a ausência de recursos nas regiões afetadas.

A crítica mais recorrente foi sobre a discrepância entre os valores anunciados pelo governo federal e a realidade vivida nas cidades atingidas. O diretor da Federação de Entidades Empresariais do RS (FEDERASUL), Cleber Fernando dos Santos, relatou que, mesmo com a liberação de recursos anunciada, os efeitos ainda não chegaram à ponta:

_ No meu município, Roca Sales — que foi atingido por três grandes enchentes — esses recursos não chegaram. Nós não temos nenhuma casa construída. Estou falando de 18 meses da primeira catástrofe. As pessoas estão morando de favor, com familiares, algumas pessoas ainda estão no aluguel social, algumas pessoas perderam esse benefício”, afirmou.

O vice-presidente do Sistema Fecomércio-RS, Giraldo Sandri, também criticou a falta de medidas práticas: “Onde é que está o dinheiro? Porque lá na base não veio nada. As pessoas estão morando em contêiner, onde é jogado água em cima pra aguentar o calor. A nossa grande grita é que realmente saia do papel, ou saia da mídia, e vá pra ação.”

A situação do campo também foi alvo de preocupação. Segundo Luis Fernando Cavalheiro Pires, conselheiro da FARSUL, a dívida dos produtores rurais ultrapassa R$ 72,8 bilhões apenas nos bancos, sendo R$ 22 bilhões com vencimento ainda este ano. “O valor bruto da produção agropecuária em 2025 vai ser de R$ 66 bilhões. Ou seja, todo o valor bruto da produção de grãos não paga o valor da dívida que nós temos hoje. O nosso Estado está empobrecendo.”

O deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) informou que a Comissão irá pedir ao governo federal para que diga quanto foi mandado, pra quem foi e em qual condição.

_ Foi R$ 100 bilhões? Pra onde foi os R$ 100 bilhões? Em que condições que recebeu? Quem recebeu? E onde está e o que foi feito? Nós precisamos ter uma definição clara.”, questiona Pompeo.

Já o deputado Marcel van Hattem (NOVO-RS) destacou que a situação segue crítica:

_ Um ano depois das enchentes, é fundamental lembrar que a situação ainda está longe daquilo que tínhamos antes. Muitas entidades se queixam da falta de auxílio no pagamento de dívidas, da necessidade de construção de casas, por exemplo. Nós temos muitos desafios pela frente. O fato de estarmos organizando, depois de um ano, essa reunião em Brasília, é também um fato relevante, pra levar ao conhecimento dos outros colegas parlamentares, que aqui estão, de outros estados, que o Rio Grande do Sul precisa se ajuda, principalmente do governo federal, porque é quem mais tem dinheiro.

Representando o governo federal durante a audiência, o secretário especial da Casa Civil, Maneco Hassen, defendeu as ações da União.

_ Passado um ano da tragédia, o governo federal já aplicou R$ 112 bilhões no Rio Grande do Sul. Esses recursos foram fundamentais para o crescimento e movimentação econômica do Estado. Isso representa 94% dos recursos públicos que foram utilizados na reconstrução, afirma o secretário.

Já o representante do governo gaúcho, secretário-executivo do Conselho Plano Rio Grande, Clair Kuhn, destacou que o Estado está mais preparado para enfrentar novas enchentes. Segundo ele, R$ 1 bilhão está sendo investidos nas forças de segurança e na aquisição de equipamentos, com foco em monitoramento climático e resposta imediata.

A audiência contou ainda com a participação dos deputados federais Pedro Westphalen (PP), Bibo Nunes (PL), Lucas Redecker (PSDB), Marcelo Moraes (PL), Zucco (PL), Sanderson (PL), Marcelo Moraes (PL), Osmar Terra (MDB) e Any Ortiz (Cidadania); dos deputados estaduais Patrícia Alba (MDB) e Rodrigo Lorenzoni (PL), vice-prefeita de Guaíba, Claudia Jardim, do subdefensor público-geral federal, Marcos Antônio Paderes Barbosa; do representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (FETAG-RS), Eugênio Zanetti; do representante da Federação Varejista do RS, Ivonei Pioner; do representante da Fiergs, Diogo Pier; e das representantes do SOS Agro, Grazi Rodrigues e Fernanda Mendes.