Pela primeira vez na história do jornalismo rio-grandense, profissionais negros estão à frente das principais entidades de classe da imprensa do Estado. Não se trata de uma concessão, mas sim de uma árdua e perseverante conquista, ainda que a representatividade dos negros nas Redações, no telejornalismo e nos postos de chefia dos veículos de comunicação se mantenha insuficiente e injusta.
Neste contexto, nós – Vera Daisy Barcellos, presidenta do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul (Sindjors), e José Nunes, presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) – destacamos o significado do Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de Novembro, data que homenageia e resgata as raízes e a luta do povo afro-brasileiro, e apresentamos este manifesto conjunto pelo antirracismo na imprensa gaúcha.
Como bem evidenciam os dolorosos anúncios de jornais do século 19 que acompanham este texto, a escravidão genocida impetrada à população negra é irreparável e imprescritível.
Mas o racismo remanescente daquele período urge ser erradicado no Brasil. E as narrativas dos veículos de comunicação, assim como a dos novos canais digitais, são essenciais para o alcance deste propósito.
Por isso, recomendamos aos colegas jornalistas e aos cidadãos rio-grandenses que eliminem de seus relatos, notícias e comentários todas as palavras e expressões de conotação racista, mesmo que historicamente façam parte da literatura, da música, dos provérbios e das falas populares.
O vocabulário da língua portuguesa tem sinônimos suficientes para substituir palavras e pensamentos com raízes no racismo. Mãos e mentes à obra.
Vera Daisy Barcellos – Presidenta do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul – Sindjors
José Nunes – Presidente da Associação Riograndense de Imprensa – ARI