A postura de confrontação política e de negação das evidências científicas adotada pelo presidente Jair Bolsonaro nessa pandemia do novo coronavírus preocupa brasilianistas ouvidos pela RFI. Eles não acham que as condições estão reunidas para um impeachment, mas “as crises sanitária e econômica que se anunciam podem provocar uma crise política ainda mais profunda e ameaçar a democracia brasileira”, diz Gaspard Estrada, diretor-executivo do Observatório Político da América Latina e do Caribe (Opalc) do Instituto de Ciências Políticas de Paris.
A recusa de Bolsonaro em aceitar a realidade da pandemia repercute na imprensa internacional. Desde o polêmico pronunciamento presidencial, na última terça-feira (24), em que ele pediu o fim do confinamento no país, jornais europeus publicam quase diariamente matérias sobre o Brasil.
A última reportagem foi publicada pelo Les Echos nesta quinta-feira (26). O diário econômico francês destaca que a “gestão desta crise pelo presidente brasileiro é calamitosa” e que o nome Jair Bolsonaro remete à “inconsequência do populismo diante da epidemia”.
Apesar das críticas e dos panelaços diários contra ele, Bolsonaro não recua e pede a volta da normalidade para salvar a economia do país em um vídeo de propaganda lançado pelo Planalto nesta sexta-feira (27). O professor do Instituto Brasileiro do King’s College de Londres, Anthony Pereira, está impressionado com a “desinformação e a irresponsabilidade” de Bolsonaro e acha que o país está cada dia mais unido contra ele: “Governadores, prefeitos, Congresso, ministros militares, o presidente do Itaú Candido Bracher e associações médicas, até o governador Ronaldo Caiado, preferem seguir os conselhos da comunidade internacional de saúde pública, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), do que o presidente. Bolsonaro está pedindo aos brasileiros que participem de um experimento gigante e muito arriscado”. Mas o impeachment “não é provável” nesse momento.
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