O recente debate mundial sobre o racismo e a violência policial colocou a França diante de uma realidade raramente abordada: o preconceito de policiais brancos contra os colegas negros ou descendentes de árabes. O escândalo eclodiu na quinta-feira (4), depois do anúncio, pelo diretor-geral da Polícia Nacional, de que um grupo de policiais de Rouen foi enviado para o conselho de disciplina, em meio a uma investigação interna aberta no fim de 2019.
A denúncia foi feita por um policial negro que, em dezembro, teve acesso a dezenas de mensagens de um grupo no WhatsApp no qual seus próprios colegas se referiam a ele de maneira racista. A investigação foi comanda pela Inspeção Geral da Polícia Nacional, por “difamação pública agravada e provocação não pública à discriminação”.
Nas mensagens, seis policiais escrevem comentários como “ele [vítima] faz um trabalho de negro [termo pejorativo em francês]”, além de outras frases de baixo calão. “Eu tinha a impressão de me entender bem com os meus colegas. Fiquei chocado”, contou o policial que prestou queixa ao site de investigações Mediapart.
Em outros trechos, é o racismo em relação ao público que fica evidente. Os policiais comentavam ao vivo audiências judiciais das quais participavam, realizando a segurança de suspeitos ou do tribunal. Utilizam termos chulos para se referir a ciganos e ironizam que, em uma determinada audiência, há apenas “negros” na plateia, “negros na acusação” e “o acusado? Um negro”.
Leia mais em RFI