Porto Alegre, quarta, 08 de maio de 2024
img

Comitê da ONU determina que Espanha compense juiz que teve julgamento parcial e abre precedente a Lula; El País

Detalhes Notícia
Órgão, que também analisa queixa do petista contra Moro, propõe ao país europeu que anule os antecedentes penais do magistrado, condenado por prevaricação em um caso de escutas ilegais. O juiz Baltasar Garzón no Tribunal Supremo, em Madri, na primeira jornada do julgamento por prevaricação, em 2012.CLAUDIO ÁLVAREZ

 

 

O Comitê de Direitos Humanos da ONU considera haver “dúvidas” objetivamente justificadas de que o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón teve “acesso a um tribunal independente e imparcial” nos processos em que foi réu no Tribunal Supremo espanhol por crimes de prevaricação relacionados aos casos Franquismo e Gürtel, o último dos quais acabou por afastá-lo da carreira judicial em fevereiro de 2012. Em sua resolução, o comitê da ONU considera que o Supremo espanhol violou o artigo 14.1 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, um tratado internacional ratificado pela Espanha em 1977, e não respeitou o direito de Garzón a um processo “com as devidas garantias por um tribunal competente, independente e imparcial”.

Em sua resolução, o comitê determina que a Espanha “tem a obrigação” de, entre outras medidas, “anular os antecedentes penais” do ex-juiz e agora advogado, além de lhe oferecer “uma compensação adequada pelo dano sofrido”. Se o Estado espanhol cumprir essa exigência do órgão da ONU, estaria aberto o caminho para a volta de Garzón à magistratura.

A decisão abre precedente para o caso do ex-presidente Lula (PT) no Brasil. Segundo informa o jornalista Jamil Chade, articulista do EL PAÍS, o mesmo órgão da ONU avalia, desde 2016, uma queixa apresentada pelo petista que argumenta que seu processo não foi imparcial e que o então juiz Sergio Moro atuou de forma irregular. O ex-magistrado da Lava Jato vem acumulando derrotas no Supremo Tribunal Federal (STF), que em junho referendou a decisão que considerou o juiz parcial na condução do processo envolvendo um apartamento tríplex em Guarujá. Além disso, a corte levou à estaca zero investigações contra Lula por entender que a vara de Curitiba, onde Moro atuava, não era competente. Os processos foram encaminhados para a Justiça Federal em Brasília, que no último sábado anulou a denúncia contra o ex-presidente no caso do sítio de Atibaia. A juíza Pollyanna Martins Alves considerou não haver provas das acusações de corrupção e lavagem de dinheiro que tinham levado Lula a ser condenado em duas instâncias e tinham impedido, junto com o caso tríplex, que o petista disputasse as eleições.

Leia mais em El País