Eu já tô louco para conhecer, a nova atração de Gramado, no Rio Grande do Sul. O empreendimento concebido por Vitor Faccioni e abraçado pelos sócios, Aline Bujes e Edgar Rüther homenageia um dos livros mais célebres do gênero literário nonsense, ‘As Aventuras de Alice no País das Maravilhas’, título frequentemente abreviado para Alice no País das Maravilhas, é o trabalho mais conhecido de Charles Lutwidge Dodgson, publicado em 1865. OK, quase ninguém ouviu falar em Charles. O pseudônimo Lewis Carroll, entretanto, tornou-se consagrado junto aos leitores. A obra rendeu muitas traduções para o português, de diferentes autores entre eles Monteiro Lobato, Ana Maria Machado e a minha preferida de Jorge Furtado e Liziane Kugland. Está presente nas telas, com adaptações que vão do desenho animado da Disney ao filme de Tim Burton com Johnny Depp, o ‘Chapeleiro Louco’. A obra ganhou ainda, por exemplo os palcos de dança através do Grupo Gaia, em ‘Alice (adulto)’. Além é claro, de teses acadêmicas em dezenas de estudos mundo afora. Faz mais de século e meio, desde que Alice surgiu e o conto de Carroll inspirou e seguirá inspirando novas traduções, filmes, pinturas, balé, teatro…
E agora, esse mundo também está retratado no conceito da casa a ser inaugurada na serra gaúcha. O espaço terá bar, pocket show, restaurante, loja e ambiente temático. Ao todo, serão dois mil metros quadrados, com 850 de área construída, bem na região central da cidade. Haverá capacidade para receber 250 pessoas. “Há três anos iniciei uma pesquisa extensa sobre a obra, projetos internacionais e concepções até chegar nesse formato de pocket show, de cenografia. Estamos propondo uma versão voltada ao entretenimento presencial. Na minha opinião, Alice é uma das mais encantadoras obras que existem”, afirma Vitor Faccioni.
Na entrada, o público será recepcionado pela Lagarta, que convida as pessoas a uma grande imersão no mundo de Alice e seus personagens, até a acomodação nos respectivos lugares, passando por cenários emblemáticos. Uma reprodução da mesa do Chapeleiro, incluindo itens que remetem ao chá como bolos, xícaras e poltronas estarão presentes. Ainda haverá uma parede com a pintura 3D de uma floresta, representada em forma de grafite. Uma Alice com quase três metros de altura, espelhos côncavos e convexos e uma árvore real de seis metros com folhas pintadas a mão, são alguns dos elementos inseridos no interior do espaço.
A cada hora serão 10 minutos de pocket show, com elenco de cinco atores e um produtor responsável pelas cenas baseadas no texto original. No bar, os Gêmeos serão os atendentes, responsáveis por intervenções ao estilo flash mob. O cardápio inclui bebidas clássicas e temáticas. O drink do Chapeleiro, por exemplo, será servido num chapéu; o da Lagarta virá em narguilé; e o da Rainha numa coroa. Criações especiais serão desenvolvidas para algumas bebidas, e os copos poderão ser adquiridas na loja dentro do espaço. Garçons serão caracterizados como as famosas Cartas.
Ao todo, o empreendimento vai contar com mais de 50 colaboradores, incluindo atores, funcionários, cozinheiros e atendentes. Parcerias locais foram estabelecidas (os sócios ressaltam a importância de valorizar as pessoas da região). O cardápio ficou a cargo do Chef Ricardo Dornelles, baseado numa pesquisa sobre os pratos mais consumidos em Gramado. E todos terão um toque temático na apresentação.
Coordenadas por uma equipe de gestão, onze empresas de diversos segmentos estão envolvidas no projeto. Elas prestaram assessorias à concepção, execução e finalização do projeto: Tomazelli Engenharia (Construtora), Eliete Produção (Artístico), The Lab Content (Agência de Criação), Rüthers Produções (Patrocínios), PAP (Marcas e Patentes), Stagepro (Luminotécnico), Drew Roza (Consultor Drinks), YEAH! Entretenimento (Cenografia), Ricardo Dornelles (Consultoria Gastronômica), Senac (Recursos Humanos e Treinamentos) e Ana Paula Favero (Consultoria Loja)
Para entender o mundo concebido na obra de Carroll
Lewis Carroll conseguiu juntar, em Alice no País das Maravilhas e Alice do Outro Lado do Espelho, dois ingredientes que fizeram o sucesso das obras: o nonsense e a matemática. Como manifestações das novidades científicas e matemáticas de seu tempo, os livros dialogam com as concepções relativistas surgidas no século XIX.
O primeiro livro é povoado por criaturas peculiares e antropomórficas, revelando uma lógica do absurdo, característica dos sonhos. Está repleto de alusões satíricas dirigidas aos amigos e antagonistas do autor, além de incluir paródias de poemas populares ingleses ensinados às crianças da época, e referências linguísticas e matemáticas por meio de enigmas. É uma obra de difícil interpretação porque contém dois livros num único texto: para crianças e adultos.
Até mesmo uma contribuição à compreensão do cérebro humano, por meio da neurociência moderna, a obra já serviu. “Explora muitas ideias sobre a existência de um eu contínuo, como nos lembramos de coisas do passado e pensamos o futuro. Há muita riqueza ali, sobre o que sabemos da cognição e ciência cognitiva”, afirmou Alison Gopnik, docente em Berkeley, nos Estados Unidos.
Em 1955, o médico John Todd descobriu em certos pacientes um distúrbio neurológico que afeta a percepção visual, hoje conhecido como micropsia, ou Síndrome de Alice no País das Maravilhas (AIWS, na sigla em inglês), problema que afeta sobretudo as crianças. Os neurocientistas acreditam que o fenômeno se deve à maneira como o cérebro consolida nossas memórias enquanto dormimos.
No final da década de 60, o filósofo francês Gilles Deleuze publicou A Lógica do Sentido, onde procura questionar a teoria do sentido estabelecida desde Platão, a partir dos jogos de linguagem de Lewis Carroll (as superfícies das cartas de baralhos sem espessura, as figuras espelhadas e invertidas, etc). Segundo Deleuze, as obras de Lewis Carroll constituem a primeira abordagem aos paradoxos do sentido. A obra do pensador abriu espaço às singularidades, aos acontecimentos e anomalias, geralmente excluídos da lógica tradicional, que capta apenas as grandes identidades e não compreende as pequenas diferenças.
SERVIÇO:
Alice e o Chapeleiro – inauguração em abril de 2022
Gramado: Rua Wilma Dinnebier, nº 111, Centro – Gramado / RS
Comercial:
Telefone: 51 9113.9090 – E-mail: vítor@aliceeochapeleiro.com.Br
Porto Alegre: Rua Dr Florêncio Ygartua, nº 69 sala 308, Moinhos de Vento – Porto Alegre/RS
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